O incêndio tinha sido extinto há cerca de duas horas e centenas de polícias e soldados foram destacados em redor da prisão para impedir a fuga dos presos, disse o chefe da polícia de Jacarta, Fadil Imran, aos jornalistas.
“A situação está agora sob controlo”, disse Imran, confirmando que pelo menos 41 reclusos morreram e 80 foram hospitalizados, oito deles com queimaduras graves.
As autoridades ainda estão a investigar a causa, mas a investigação preliminar apontou para um curto-circuito numa das celas do bloco, disse Imran.
À Reuters, o ministro da Justiça Yasonna Laoly referiu que há duas vítimas mortais estrangeiras: uma portuguesa e uma da África do Sul. Além disso, foi também referido que a prisão operava com excesso de lotação quando o incêndio começou. As celas estavam trancadas na altura e, com o fogo forte de forma incontrolável, "algumas salas não puderam ser abertas".
Em nota enviada ao Expresso pelo Gabinete da Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas é referido que "o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirma a morte de um cidadão nacional na prisão de Tangerang, nas imediações de Jacarta".
"A Embaixada de Portugal na Indonésia mantinha contacto regular com este nacional. Lamentamos profundamente a sua morte. Estão em curso diligências junto da respetiva família, para a prestação do apoio necessário nestas circunstâncias trágicas", pode ler-se.
O incêndio deflagrou nas primeiras horas da manhã no bloco C da prisão, onde se encontram condenados por dependência e tráfico de drogas e onde pelo menos 122 pessoas estavam encarceradas na altura do acidente, disseram funcionários prisionais numa declaração.
De acordo com os últimos dados oficiais divulgados pelo governo, mais de dois mil presos estão na prisão de Tangerang, construída para albergar 1.225 reclusos.
Imagens televisivas mostraram bombeiros a lutar contra as chamas que varreram um dos prédios da prisão durante a noite, emitindo uma espessa nuvem de fumo.
Funcionários da Cruz Vermelha da Indonésia retiraram dezenas de vítimas para as ambulâncias e outras dezenas de corpos em sacos cor de laranja foram colocados numa sala da prisão de Tangerang, nos arredores de Jacarta, que acolhia principalmente detidos por tráfico ou consumo de drogas.
Os cadáveres das vítimas foram enviados para um hospital no leste de Jacarta, onde serão identificados. Testes de DNA serão necessários para algumas vítimas, lembrou o ministro da Justiça.
Os feridos graves foram transportados para hospitais na cidade de Tangerang e aqueles com ferimentos mais leves foram levados para uma clínica próxima do estabelecimento prisional.
Marlinah, parente de uma das vítimas do incêndio, foi ao hospital para identificar o corpo: "Vim assim que recebi a notícia sobre meu irmão mais novo, Muhammad Yusuf (...) Fui informada de que meu irmão nos tinha deixado e que o bloco C2 tinha ardido", disse a mulher à Agência France Presse.
Em lágrimas, Marlinah disse que esperava poder enterrar o irmão na sua cidade natal, Bogor, a leste de Jacarta.
As autoridades ainda estão a investigar as causas do incêndio, mas suspeitam de um problema elétrico numa das 19 celas do bloco C2 do estabelecimento prisional.
"Eu inspecionei o local do incêndio e, com base nas primeiras observações, o incêndio teria começado devido a um curto-circuito", disse Fadil Imran.
As instalações elétricas da prisão de Tangerang, construída em 1972, não são modernizadas há mais de 40 anos, disse o ministro da Justiça.
Essa prisão também abrigava duas vezes e meia mais detidos do que o esperado - mais de 2.000 em vez de 600 - segundo dados do site do departamento penitenciário.
O edifício que ardeu também estava superlotado, reconheceu a porta-voz da direção-geral das prisões, Rika Aprianti.
"A capacidade máxima do Bloco C era de 40 pessoas, mas era usado para 120 detidos", disse a responsável à Metro TV.
As prisões indonésias têm muitas vezes degradadas condições sanitárias e estão superlotadas. É bastante comum que os detidos fujam ou se revoltem contra as condições desumanas em que vivem.
Em 2019, pelo menos 100 presos escaparam de uma prisão na província de Riau, na ilha de Sumatra, após um incêndio.
(Notícia atualizada às 09h10)
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