Políticos da Bolívia, Colômbia, Eslováquia, Macedónia do Norte, Bósnia e de outro país asiático que não quis ser identificado estão a receber mensagens e chamadas a propósito da cimeira, que arranca na segunda-feira e é organizada pela Aliança Interparlamentar sobre a China.
A Associated Press falou com os organizadores e três legisladores, tendo analisado textos e ‘emails’ enviados pelos diplomatas chineses.
“Sou Wu, da Embaixada da China. Ouvimos dizer que recebeu um convite do IPAC. Vai participar na conferencia que se realizará na próxima semana em Taiwan?”, lê-se numa mensagem enviada ao deputado da Macedónia Norte, Antonio Miloshoski.
Os legisladores descreveram também ter recebido perguntas vagas sobre os planos de viajar para Taiwan, sendo que em alguns casos o contacto “foi ameaçador”.
“Eles enviaram uma mensagem direta ao presidente do meu partido para me impedir de viajar para Taiwan”, contou Sanela Klaríc, membro do parlamento da Bósnia, dizendo que tal apenas reforçou a sua determinação em fazer a viagem.
A China ameaça regularmente retaliar contra políticos e países que demonstram apoio a Taiwan.
Na semana passada, Pequim criticou Taiwan pelos seus exercícios militares anuais Han Kuang, afirmando que o Partido Democrático Progressista de Taiwan, que está no poder, estava a “levar a cabo provocações para procurar a independência”.
“Qualquer tentativa de aumentar as tensões e de recorrer à força para procurar a independência ou rejeitar a reunificação está condenada ao fracasso”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning.
Alguns membros da Aliança Interparlamentar sobre a China foram sancionados por Pequim e, em 2021, o grupo foi alvo de ataques informáticos levados a cabo pelo Estado chinês, segundo uma acusação dos Estados Unidos revelada no inicio do ano.
À Associated Press, o diretor da aliança, Luque de Pulford, afirmou que a pressão exercida pelos funcionários chineses nos últimos dias não tem precedentes, com a pressão a aumentar consideravelmente comparativamente a outras reuniões realizadas.
“Trata-se de uma interferência estrangeira grosseira. Não se trata de uma diplomacia normal. Como se sentiriam os funcionários da República Popular da China se tentássemos informá-los sobre os seus planos de viagem, onde podiam e não podiam ir? É absolutamente escandaloso que pensem que podem interferir nos planos de viagem dos legisladores estrangeiros”, afirmou Pulford.
Estima-se que este ano participem legisladores de 25 países na cimeira, que contará com reuniões com funcionários de Taiwan.
Também à Associated Press, a senadora boliviana Senta Rek afirmou que apresentou uma carta de protesto depois de um diplomata chinês lhe ter telefonado e dito para não ir a Taiwan, afirmando que a organização da cimeira não era aceite “nos termos da política da China”.
“Disse-lhe que era uma intromissão inaceitável, que não aceitaria uma ordem ou intromissão de qualquer governo”, afirmou Rek.
Já a deputada eslovaca do Parlamento Europeu, Miriam Lexmann, afirmou que o facto do chefe do seu partido ter sido abordado por diplomatas chineses motivou a sua deslocação a Taiwan.
“Queremos trocar informações, formas de lidar com os desafios e ameaças que a China representa para a parte democrática do mundo e, claro, apoiar Taiwan”, disse.
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