De acordo com este responsável, as estatísticas da Oficina de Peregrinaciones da Catedral de Santiago revelam que em 2011 o caminho português tinha sido percorrido por cerca de 22 mil peregrinos, número que, em 2015, ultrapassou os 43 mil peregrinos.
“É um crescimento muito significativo, já que, em termos globais, o nosso caminho já representa cerca de 16% do número de peregrinos que chega a Santiago, e que já ultrapassa os 260 mil”, especificou.
Números que considera serem um “bom sinal”, mas que também representam um desafio, já que uma percentagem elevada destes peregrinos só faz parte do caminho, optando por partir na zona de fronteira, entre Valença e Tui.
“É preciso trabalhar para lhes mostrar que vale a pena partir um pouco mais atrás”, apontou.
Para José Luís Sanches, o caminho português tem ainda uma margem de progressão considerável, não só pelo aumento global de número de pessoas que percorrem os Caminhos de Santiago e pela “saturação” das rotas de outros países, mas também pelos próprios trunfos, tais como a beleza da paisagem, o bom acolhimento português ou a gastronomia, entre outros.
Condições que ajudam a conquistar peregrinos, cuja proveniência tem sido maioritariamente estrangeira.
“Só a título de exemplo, no ano passado o albergue que temos em Alpriate recebeu cerca de 400 pessoas, só três é que eram portugueses”, disse, explicando que Itália, Estados Unidos da América, Alemanha, Austrália, Holanda, França, Canadá e Espanha são alguns dos países de origem destes peregrinos.
Pessoas que, naturalmente, ajudam a dinamizar a economia local das localidades por onde passam, contribuindo também para dar a esses locais uma maior notoriedade, designadamente através das partilhas e testemunhos nas redes sociais e com outros peregrinos.
Mais-valias que, segundo José Luís Sanches, devem ser tidas em linha de conta pelas entidades e pelos municípios que estejam a ponderar ou a trabalhar na marcação, divulgação e dinamização das rotas que atravessam os respetivos concelhos.
José Luís Sanches admite que boa parte do trabalho já está feito, mas é preciso agora apostar numa estratégia comum que ajude a tirar melhor partido do mesmo e que, por consequência, ajude a criar condições para uma candidatura do caminho português a Património da Humanidade.
Segundo explicou, o primeiro passo já foi dado com a inscrição do caminho na lista indicativa por proposta da Associação de Peregrinos Via Lusitana e da Associação Espaço Jacobeus, mas ainda falta percorrer um longo caminho até à fase de candidatura.
“Para passarmos da fase embrionária às outras será naturalmente preciso definir uma linha contínua de trabalho e uma estratégia comum entre todos, que nos dê ferramentas para depois fundamentar a candidatura”, reiterou.
Ideia que José Luís Sanches pretende transmitir no encontro intermunicipal subordinado ao tema “Caminhos Portugueses de Santiago – Caminho Nascente e Caminho Torres entre o Tejo e Douro”, que será realizado na sexta-feira, na Covilhã, distrito de Castelo Branco.
Organizado pela Câmara da Covilhã e pela Associação de Peregrinos Via Lusitana, o encontro conta com a presença de várias associações de representantes de municípios, tais como Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Fundão, Covilhã, Belmonte, Guarda, Celorico da Beira, Almeida, Pinhel, Trancoso, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Tarouca e Lamego.
Conta ainda com os representantes da Turismo do Centro de Portugal e das comunidades intermunicipais da Beira Baixa, das Beiras e Serra da Estrela e do Douro.
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