“Existem várias propostas em cima da mesa, maioritariamente na região Centro, também existe alguma coisa no Norte. Mas é Norte e região Centro [as áreas para onde se equacionam a proibição de pesca da sardinha]”, disse a governante à agência Lusa, sublinhando estarem as zonas a serem delimitadas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e pelos pescadores.

À margem da conferência o Valor dos Oceanos, a decorrer em Lisboa, a ministra precisou estarem a ser “mantidas conversas e reuniões de reflexão com as comunidades piscatórias para juntamente com o IPMA, já com informação científica, para se poder delimitar áreas em que não haverá pesca de todo, porque são áreas importante para a reprodução da espécie”.

Armadores incitam Governo a acertar com Espanha medidas para a pesca sardinha

"Não faz sentido estar à partida a aprovar medidas excecionais em Portugal sem haver uma coordenação com Espanha. Não queremos que sejam apenas os pescadores portugueses a sofrer as consequências ou ter maiores restrições que os espanhóis", afirmou à agência Lusa Humberto Jorge, presidente da Organização de Produtores do Centro e da ANOP Cerco, que representa as embarcações nacionais que capturam sardinha.

O dirigente remeteu uma posição oficial de todas as organizações de pesca do país para depois de uma reunião que vão ter na quinta-feira.

Para Humberto Jorge, a coordenação de uma estratégia com Espanha "pode ser mais eficaz, se as medidas forem comuns e se forem postas em prática na mesma altura, do que estar à partida a definir uma área e um prazo temporal para essa proibição, tendo em conta a dinâmica que o recurso tem apresentado nos últimos anos".

O setor da pesca do Cerco reiterou que se mantém disponível para chegar a um entendimento e a soluções, entre as quais a adoção de uma das várias hipóteses de captura, até 24.650 toneladas, apontadas pelo próprio Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), no parecer divulgado a 20 de outubro.

O presidente da OP Centro e da ANOP Cerco explicou que a intenção do Governo de proibir a pesca da sardinha nas zonas Norte e Centro do país em 2018 já tinha sido apresentada aos parceiros na última reunião da comissão de acompanhamento da sardinha.

"À partida o setor não está muito favorável" a essa decisão, disse, defendendo em contrapartida "proibições em tempo real", nas áreas onde fossem detetados juvenis durante o tempo que fosse necessário", se a intenção é proteger os juvenis.

A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, disse hoje, à Lusa, que a pesca da sardinha será proibida em zonas da região Centro e Norte, por serem "áreas importantes para a reprodução da espécie", estando a decorrer reuniões com as comunidades piscatórias para, juntamente com o IPMA, delimitar essas zonas.

No dia 20 de outubro, o Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) recomendou a suspensão da pesca da sardinha, em Portugal e Espanha, em 2018.

No dia seguinte, a Comissão Europeia informou que não proíbe a pesca da sardinha, mas recomenda às autoridades portuguesas que encarem com seriedade as quebras nos 'stocks' da espécie devidas à sobrepesca e ao aumento da poluição.

Um porta-voz do executivo comunitário reiterou que Bruxelas está consciente da importância socioeconómica e cultural da pesca em Portugal, razão pela qual "está muito preocupada com o estado potencialmente precário da pesca de sardinha ibérica", salientando que "as autoridades têm que levar isto muito a sério".

Na quinta-feira, Portugal e Espanha reúnem-se para discutir, segundo a ministra do Mar, o "plano de gestão de uma forma geral, não necessariamente as áreas em Portugal em que não vai haver capturas [de sardinha]" e os "valores das capturas que vão ser propostos em conjunto à União Europeia".

(Notícia atualizada às 13h33)

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