Em resposta escrita enviada à agência Lusa, a PGR adiantou apenas que o inquérito está a ser conduzido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e que a investigação se encontra “sujeita a segredo de justiça”, sem revelar por agora mais informações sobre a notícia hoje avançada pela CNN Portugal.
Também a Polícia Judiciária Militar (PJM), através do porta-voz Marco Ermidas, indicou à Lusa que os suspeitos envolvidos são “militares e não militares”.
Esta investigação já decorre “há mais de seis meses”, acrescentou, sem adiantar mais pormenores, alegando que “o processo se encontra em segredo de Justiça”.
Força Aérea promoveu caça ao javali no Campo de Alcochete autorizada pelo ICNF
A Força Aérea também confirmou o sucedido. Em comunicado enviado às redações, é referida "a existência de um processo de investigação em curso que levou a buscas no interior das suas instalações, em meados de junho".
"Empenhada e interessada na descoberta da verdade, a Força Aérea colabora com as autoridades judiciárias (PJM) na investigação. Por ser um processo que ainda está em curso, a Força Aérea não presta quaisquer declarações que a possam prejudicar", é apontado.
"Esclarece-se que no Campo de Tiro, devido à sua natureza e à proteção conferida pela condição de unidade militar, é característica a proliferação de espécies cinegéticas que, quando atingem valores muito elevados, provocam risco para as atividades operacionais", informa a Força Aérea.
"O aumento descontrolado de algumas destas espécies cinegéticas tem provocado desequilíbrios ecológicos que, além de poderem levar à redução e eliminação de outras espécies, causam prejuízos diversos nas instalações e áreas do Campo de Tiro. Verifica-se, assim, a necessidade permanente de controlo da densidade de algumas espécies cinegéticas para manter este equilíbrio ecológico, não só nos próprios terrenos da Unidade, mas também nas áreas adjacentes que sofrem o impacto da elevada densidade de algumas espécies", é explicado.
Assim, "por forma a realizar estes controlos tem-se recorrido a ações de correção de densidade de espécies cinegéticas, exclusivamente javalis, por forma a prevenir e minimizar danos na fauna e perturbação na atividade operacional, revestindo-se estas ações de caráter excecional".
Segundo a CNN Portugal, em causa estão “suspeitas de corrupção, além de outros crimes, investigados a partir de uma pista relacionada com eventos de caça, semiclandestinos, realizados em plena reserva militar do Campo de Tiro de Alcochete, sob a tutela do Estado-Maior da Força Aérea”.
Este órgão de comunicação social noticia ainda que a investigação “partiu de denúncias internas" e "aponta para favorecimento, ao mais alto nível, a empresários que são convidados para caçadas, acompanhados de altas patentes militares, nomeadamente generais”.
De acordo com a CNN Portugal, além dos indícios de que aquela atividade ali ocorre “à revelia do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas”, existem “suspeitas de contrapartidas financeiras para os responsáveis militares, uma vez que os convidados em causa gerem empresas que têm contratos públicos celebrados com as Forças Armadas”.
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