Segundo o jornal Estadão, o ministro da Defesa enviou, em 8 de julho, um recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com uma mensagem de que não haveria eleições no próximo ano caso não fosse instituído o voto impresso no país e uma contagem pública dos resultados, posição que é também amplamente defendida pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

Nesse sentido, o PGR do Brasil, Augusto Aras, enviou na terça-feira uma manifestação ao juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, informando sobre a abertura da investigação preliminar ao ministro, e pedindo ainda que aquele que é o mais importante órgão do poder judiciário brasileiro arquive um pedido de mesmo teor movido pelo advogado Ronan Botelho contra Braga Netto.

Para justificar o fim do processo movido pelo advogado, o PGR alegou já haver uma investigação em curso no Ministério Público Federal.

“Eventual surgimento de indícios razoáveis de possível infração político-administrativa cometida pelo noticiado (Braga Netto) ensejará, pois, a adoção das providências necessárias à sua apuração”, afirmou Aras.

O general Braga Netto negou, em julho passado, o episódio: “Eu não mando recados. Eu não tenho interlocutor. Isso é mentiroso”.

No início deste mês, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou que o país tem um “compromisso inadiável” com as urnas eletrónicas em 2022, ano de eleições presidenciais.

Sem citar Jair Bolsonaro, que defende amplamente o regresso do voto impresso ao país, proposta que foi derrotada na Câmara dos Deputados no mês passado, Lira afirmou que essa é uma questão ultrapassada.

“Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas, como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página. Assim como também vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão e a nossa prerrogativa de puni-los internamente se a Casa, com a sua soberania e independência, entender que cruzaram a linha”, disse, na ocasião.

“O único compromisso inadiável e inquestionável que temos no nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletrónicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania”, defendeu ainda o presidente da Câmara baixa parlamentar.

Bolsonaro defende o regresso do voto impresso em substituição da atual urna eletrónica, que oferece resposta no mesmo dia e que é usado há mais de 20 anos no Brasil e que o chefe de Estado acusa, sem provas, de ser alvo de fraudes.

A pressão de Bolsonaro pelo voto impresso aumentou à medida que a sua popularidade caiu nas sondagens eleitorais, que classificam o ex-presidente Lula da Silva, o seu maior adversário, como favorito para 2022.

Em várias ocasiões, o atual mandatário ameaçou com a não realização do sufrágio presidencial em 2022 caso não seja adotado o voto impresso no Brasil.