Em comunicado enviado à agência Lusa, a CCDR-Norte anuncia que, à semelhança do fez pela primeira vez em 2021, quando o laureado foi o arquiteto Siza Vieira, também em 2022 vai distinguir uma “personalidade nortenha”, concretamente Graça Morais, pelo “relevante e singular legado artístico e cultural” e pelo “nortenho telurismo mágico da sua obra”.

A pintora disse à Lusa que a atribuição do prémio foi uma "grande surpresa" que a deixou contente, por ser de uma região a que está ligada, e por ser reconhecida pelo seu trabalho "da mesma foram que reconhecem um homem".

O prémio será entregue hoje à tarde no 2.º Fórum Autárquico da Região Norte, que decorre em Viana do Castelo e durante o qual o presidente da CCDR-Norte, António Cunha, fará um discurso de balanço.

“Pelo seu génio criador profundamente arraigado às suas origens nortenhas, e o seu indelével contributo no desenvolvimento das Artes e da Cultura, a CCDR-Norte distingue a pintora Graça Morais esta quarta-feira, 30 de novembro, como 'Personalidade do Norte 2022'“, justifica a CCDR-Norte.

A primeira reação da pintora Graça Morais “foi de grande surpresa, não estava à espera”, como disse à Lusa. “Fico sempre contente quando me dão prémios, quando me tratam bem. É bastante importante porque é o reconhecimento de um trabalho como artista, como mulher e como cidadã”.

Para a artista, a distinção é o “reconhecimento de 50 anos de uma dedicação total à pintura e, ao mesmo tempo, uma grande preocupação em relação a estes lugares” onde nasceu, na aldeia do concelho de Vila Flor, onde estudou, em Bragança, e onde deu aulas, em Guimarães.

“A região norte é uma região à qual eu estou bastante ligada e pelo qual eu tenho feito o máximo que posso fazer. Para mim é uma enorme alegria e uma felicidade o ser reconhecida e também pelo facto de ser mulher e reconhecerem da mesma foram que reconhecem um homem”, salientou.

O prémio “Personalidade do Norte 2022” é constituído por uma peça escultória da autoria de Cristina Massena, arquiteta da chamada Escola do Porto, produzida pelo Done Lab da Universidade do Minho e da BOSCH, em Guimarães, com recurso a tecnologia de manufatura aditiva avançada.

“Não se inibe de olhar o mundo, denunciando na sua obra ameaças de agressão sobre a condição humana, a cultura e a natureza”, descreve o comunicado da CCDR-Norte, sobre o trabalho de Graça Morais.

O presidente, António Cunha, citado no comunicado, sublinha o “relevante e singular legado artístico e cultural da artista, profundamente arraigado às suas raízes transmontanas e, simultaneamente, universalista”, da pintora que vive e trabalha entre Trás-os-Montes e Lisboa.

Graça Morais nasceu em 1948, na aldeia do Vieiro, concelho de Vila Flor, no distrito de Bragança e, aos nove anos, em Moçambique, recebeu do pai a primeira caixa de aguarelas.

Formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, sendo depois bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, onde esteve “em contacto com as grandes correntes artísticas, sem lhe apagar o apego às origens”, segundo a biografia elaborada pela CCDR-Norte.

Entre 1974 e 2019, realizou e participou em mais de uma centena de exposições, no país e no estrangeiro, e a “sua obra está representada nas grandes coleções de arte contemporânea em Portugal e em diversas outras além-fronteiras”.

Criou cenografias para teatro e é autora de painéis de azulejos em Lisboa, Bragança, Vila Real, Porto e Moscovo, entre outras cidades.

Ilustrou dezenas de obras de escritores e poetas portugueses, como José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Miguel Torga e Manuel António Pina.

A vida e obra de Graça Morais inspiraram espetáculos e filmes documentais.

Em 2008, viu inaugurado o Centro de Arte Contemporânea com o seu nome, em Bragança, da autoria do arquiteto Eduardo Souto de Moura, numa exposição retrospetiva do seu percurso.

Foi distinguida com o Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira e o Grande Prémio Aquisição da Academia Nacional de Belas-Artes, entre outras distinções, em Portugal e no estrangeiro.

A pintora foi agraciada com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo presidente da República Jorge Sampaio, e com a Medalha de Mérito Cultural pela ministra da Cultura Graça Fonseca.

É membro da Academia Nacional de Belas Artes e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), atribuição realizada já em 2022.

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