À saída de um Conselho de ministros da Saúde da União Europeia, em Bruxelas, Pizarro, questionado sobre o anúncio de terça-feira passada, por parte dos três autarcas, de que iriam pedir uma reunião urgente ao ministro da Saúde devido ao encerramento, por uma semana, da Urgência Pediátrica do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, apontou que, assim que chegar o convite, será marcada a reunião.
“Seguramente que sim. Eu tenho recebido todas as pessoas, grupos profissionais e presidentes de Câmara que queiram falar comigo. Devo dizer que, pelo menos até quarta-feira ao final do dia, o pedido não tinha chegado, mas naturalmente que, chegando, a reunião vai ser marcada”, declarou.
Questionado sobre se este é mais um sinal de que se vive efetivamente um “caos” nos serviços de urgências, o ministro da Saúde voltou a rejeitar essa ideia, afirmando que há, isso sim, “dificuldades”, mas que os serviços têm sido capazes de dar resposta, embora reconhecendo que, nalguns casos, “com tempos de espera que são absolutamente indesejáveis”.
“É um sinal de que há dificuldades. Se avaliar os resultados que estão permanentemente disponíveis no portal da transparência do Ministério da Saúde, hoje o funcionamento das urgências esteve relativamente calmo. Enfim, este ‘relativamente calmo’ com muita afluência, mas com capacidade dos serviços em dar resposta”, começou por dizer.
Reconhecendo que, “em alguns dias, em algumas horas, há urgências que têm estado demasiado pressionadas, com tempos de espera que são absolutamente indesejáveis”, Manuel Pizarro disse: “A verdade é que nós temos sido capazes de ver todas as pessoas e temos sido capazes, mesmo nessas urgências muito pressionadas, de resolver os problemas”.
“Eu acho que todos temos de dar um pouco de tempo e todos temos também de fazer a pedagogia de que é necessário que as pessoas utilizem sempre que possível os meios alternativos. Nestes dias entre quinta-feira, que foi feriado, e domingo, temos quase 200 centros de saúde abertos em horários complementares durante os dias do fim de semana até ao início da noite”, disse.
O ministro insistiu que “é preciso que as pessoas liguem à Linha de Saúde [SNS] 24 e sejam orientadas, quando não precisam de ir à urgência, para os sítios onde podem encontrar uma resposta, de forma a que os serviços de urgência também possam responder mais atempadamente àqueles que precisam mesmo de lá ir”.
Na terça-feira, os autarcas André Martins (Setúbal), Francisco Jesus (Sesimbra) e Álvaro Amaro (Palmela) deram conta da sua intenção de se reunir muito em breve com o ministro da Saúde, para “exigir que o Governo encontre, com a máxima urgência, as soluções que se impõem para que os utentes destes estabelecimentos de saúde [da região] possam ter acesso aos cuidados a que têm direito”.
A tomada de posição pública dos autarcas da CDU dos três concelhos da área de influência do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS), que integra o Hospital de São Bernardo, foi divulgada nas páginas oficiais dos três municípios na rede social Facebook.
A administração do CHS anunciou na segunda-feira o encerramento da Urgência Pediátrica do Hospital de São Bernardo entre as 09:00 de hoje e as 09:00 de segunda-feira, dia 12 de dezembro, devido à falta de médicos.
Nos últimos meses têm sido frequentes os encerramentos temporários da Urgência Pediátrica e também do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de São Bernardo, devido à falta de médicos, situação que se tem vindo a agravar progressivamente e que agora obrigou a administração do CHS a encerrar a Urgência Pediátrica durante uma semana.
As crianças e jovens da região de Setúbal que necessitem de cuidados médicos e que sejam transportadas pelos bombeiros ou pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) são encaminhadas para outras unidades hospitalares.
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