Em comunicado, a PJ refere que a Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), em inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Loures, realizou hoje cinco buscas domiciliárias e deteve cinco pessoas no âmbito de operação “Não te dispas na Net!”, que investiga vários crimes de extorsão.

Segundo a PJ, a investigação foi iniciada há cerca de um ano e tem por base o ‘modus operandi’, vulgarmente conhecido por ‘sextortion’, que passa pela abordagem da vítima através das redes sociais.

A PJ explica que, após conversações mantidas online, as vítimas são convidadas a partilhar conteúdos íntimos (imagens ou vídeos) através das redes sociais ou de videochamadas e, quando estão na posse de tais conteúdos, os criminosos exigem o pagamento de determinada quantia monetária sob ameaça da sua divulgação junto de familiares, amigos e contactos profissionais.

Aquela polícia avança que a operação contou com a participação de duas dezenas de investigadores e as buscas e detenções ocorreram na região de Lisboa e do Porto.

A PJ apreendeu equipamento informático, documentação bancária, dinheiro, cartões bancários de contas abertas em nome de terceiros e utilizadas como contas de destino para branqueamento de capitais, bem como duas armas ilegais.

Em conferência de imprensa para prestar esclarecimento sobre esta operação, Carla Costa, inspetora-chefe da Polícia de Judiciária, avançou que a PJ recebeu 300 queixas relacionadas com este ‘modus operandi’ nos últimos três anos.

No entanto, a inspetora-chefe destacou “as cifras negras”, uma vez que há muitos cidadãos que são vítimas deste tipo de crimes, que chamou de extorsão sexual, mas que não denunciam.

Carla Costa explicou que o criminoso estabelece uma comunicação com a vítima até criar uma relação de confiança, que normalmente não dura muito tempo.

“A partir do momento em que o criminoso tem os conteúdos de cariz sexual e íntimo na sua posse, a vítima é contactada por outro elemento”, através de números de telefone com indicativos dos Brasil e Angola, que se faz passar por uma autoridade ou um magistrado desses países que comunica que cometeu “um crime e que é um pedófilo porque partilhou imagens com menores de idade”, disse.

A inspetora-chefe acrescentou que a PJ detetou duas formas diferentes de atuação, uma delas é que têm de pagar os tratamentos médicos do menor com quem partilhou as imagens por ter ficado muito perturbada e a outra forma é que existe uma coima e é necessário pagar uma determinada quantia para extinguir esse procedimento criminal.

Carla Costa afirmou que as pessoas ficam assustadas, “porque pensam que cometeram um crime e acabam por fazer esses pagamentos para contas nacionais e ficam lesadas com este esquema”.

A responsável avançou que tem acontecido nos últimos tempos uma abordagem às vítimas em que os elementos se fazem passar por polícias portuguesas.

A inspetora-chefe da PJ disse ainda que há vítimas que chegaram a ser burladas em 50 mil euros.

Os cinco detidos, todos estrangeiros e com interação entre si, vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.