A estratégia do PNA para o período 2024-2029, hoje apresentada no Centro Cultural de Belém pelo comissário, Paulo Pires do Vale, e pela subcomissária, Sara Brighenti, prevê, entre os vários eixos programáticos, o alargamento do plano aos estabelecimentos do ensino superior para que sejam “polos culturais, agentes de democracia cultural”.
Um dos objetivos é que cada instituição de ensino superior faça um “Plano Estratégico de Ação Cultural”, para, a título de exemplo, promover as artes, a cultura e o património junto dos estudantes e para mapear projetos artísticos que já existam em universidades, politécnicos e outras instituições.
Até 2029, o PNA também prevê a criação de um “Índice de Impacto Cultural das Organizações”, ou seja, a existência de parâmetros e critérios para avaliar a “pegada cultural” de entidades, organizações e empresas públicas e privadas, à semelhança de um índice da “pegada ambiental”, explicou o comissário.
“Temos consciência que deixamos uma pegada ambiental e precisamos de saber qual a pegada cultural”, disse Paulo Pires do Vale.
Associada a esta avaliação da “pegada cultural” está a atribuição de um “selo cultural” como “reconhecimento público das organizações que invistam no desenvolvimento cultural nacional, regional ou local”.
O Plano Nacional das Artes foi criado em 2019, pelo Governo socialista de António Costa, enquanto estrutura de missão com dez anos de duração, para promover e aproximar a cultura, as artes e o património dos cidadãos, especialmente crianças e jovens, envolvendo escolas do ensino básico e secundário, profissionais e artísticas.
Algumas medidas lançadas há cinco anos vão continuar até 2029, como a Bienal Cultura e Educação, a Escola de Porto Santo, o Compromisso de Impacto Social das Organizações Culturais e o Projeto Cultural de Escola, que envolve atualmente 534 agrupamentos de escolas, 204 municípios e mais de 3.000 entidades culturais.
Na apresentação, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, elogiou os primeiros anos de implementação do PNA, mas considerou que “há muito trabalho a fazer”.
“Queremos um tecido cultural robusto e diverso em todo o território. Não podemos continuar a negar a existência de desertos culturais, porque eles lamentavelmente ainda existem. (…) Não creio que o problema tenha sido o da suborçamentação, mas talvez um problema de escala, de capacidade de execução”, disse.
Já o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, considerou que “uma das principais contribuições do Plano Nacional das Artes é unir os pontos” no território, fazendo a ligação entre as dimensões nacional e local.
“A dependência daquilo que acontece no território e que é decidido em Lisboa é enorme e acontece em muito poucos países desenvolvidos. Somos dos países mais centralizados do mundo. A falha no nosso modelo de desenvolvimento é que somos extremamente centralizados e não temos capacidade de chegar aos territórios de forma eficiente”, apontou Fernando Alexandre.
O PNA tem um orçamento anual estimado de 2,5 milhões de euros, dos quais 1,5 milhões de euros advêm do Ministério da Educação, Ciência e Inovação e o restante um milhão de euros do Ministério da Cultura, disse à Lusa fonte do gabinete de Dalila Rodrigues.
Na sessão de apresentação no CCB foram ainda atribuídos, pela primeira vez, os Prémios PNA, que reconhecem pessoas e instituições que trabalham em prol da democracia cultural: a programadora Madalena Vitorino, o programa Atlas da câmara municipal de Braga, a Anozero — Bienal de Coimbra, a Escola Básica Integrada da Horta (Faial) e o projeto madeirense Dançando com a Diferença.
Sobre a execução da estrutura de missão do PNA numa década, Paulo Pires do Vale disse que o desejo é fazer desaparecer a estrutura de missão em 2029, altura em que espera que todas as iniciativas propostas ganhem autonomia.
“Vai ser um desaparecimento feliz”, disse.
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