Em causa está uma investigação do "Sexta às 9" sobre suspeitas de recebimento indevido de dinheiro vivo no processo de transferência de alunos do Instituto Superior de Comunicação Empresarial para outras instituições de Ensino Superior (o ISCEM fechou este ano por decisão da Agência de Avaliação do Ensino Superior, uma vez que não cumpria os requisitos necessários para lecionar).

A diretora da RTP, que também trabalhava para o ISCEM como professora assistente, terá contactado a diretora do Instituto, Regina Moreira, e informou-a desta investigação, avança o Correio da Manhã. A par, recomendou à gestora que endereçasse por escrito uma resposta à equipa que estava a investigar o caso na RTP.

Na sequência deste contacto, Regina Moreira terá resolvido as ilegalidades de que a instituição era acusada por alguns alunos e que estavam a ser averiguadas pelo "Sexta às 9".

Maria Flor Pedroso disse tê-lo feito por acreditar que estava a ajudar no desenvolvimento do trabalho da equipa da RTP.

Esta reunião extraordinária do Conselho de Redação (CR) da RTP teve lugar na passada quarta-feira.

Contactada pelo diário, Maria Flor Pedroso disse "não ser verdade que o tenha dito [numa reunião extraordinária do Conselho de Redação] nem que tenha intervindo".

Sandra Felgueiras, que coordena e apresenta o ‘Sexta às 9’, remeteu-se ao silêncio.

O Correio da Manhã falou com elementos do Conselho de Redação que consideraram o caso grave e adianta que foi convocado um plenário de redação para a próxima segunda-feira, dia 16.

Este caso tem lugar depois da tensão política em torno da investigação do lítio, também pela equipa do "Sexta às 9". A investigação era a propósito da exploração de lítio no concelho de Montalegre.

No dia 3 de dezembro, numa audição parlamentar que se realizou a pedido do PSD, a jornalista da RTP Sandra Felgueiras afirmou que "era possível" ter emitido o programa "Sexta às 9" a 13 de setembro com o tema do lítio (antes das eleições de 6 de outubro), acrescentando que antes o programa nunca tinha sido suspenso durante campanhas eleitorais.

Já a diretora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso, disse que o adiamento do programa “Sexta às 9” não teve interferência do Governo, e justificou a mudança com a programação eleitoral.

A investigação contou com o depoimento do antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, que disse ter avisado, em reunião, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o secretário de Estado João Galamba das alegadas ilegalidades decorrentes da concessão da exploração de lítio a uma empresa que tinha sido recentemente criada.

Dois dias após o encontro, João Galamba assinou o contrato para a construção da refinaria de lítio, um negócio, segundo a investigação de Sandra Felgueiras, avaliado em, pelo menos, 350 milhões de euros.

Paralelamente, o episódio do “Sexta às 9” avançou ainda que o antigo secretário de Estado Jorge Costa Oliveira estava também ligado ao negócio, como consultor financeiro.

Na sequência deste caso, o PSD agendou hoje um debate de atualidade no parlamento sobre a isenção da RTP e que servirá para “censurar” o Governo pela alegada tentativa de “condicionar e bloquear” uma reportagem sobre o lítio.

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