Em março deste ano veio a público o caso de uma jovem de 15 anos, negra, que foi retirada de um exame, na escola, para ser revistada pela polícia, depois de os professores suspeitarem erradamente que transportava canábis.

O caso, que aconteceu em 2020, tornou-se mediático este ano na sequência de um relatório de segurança que considerou que a revista, em que a jovem teve de tirar a roupa sem outro adulto presente além das agentes, foi injustificada e que teve motivações raciais.

A jovem foi levada para a sala da enfermaria escolar e revistada por duas agentes da Metropolitan Police enquanto os professores ficaram fora da sala. As partes íntimas da menor estiveram expostas durante a revista.

A Scotland Yard acabou por assumir que esta revista "nunca deveria ter acontecido".

Segundo a mãe da jovem, após a revista, esta teve indicações para voltar para a sala de exame e nenhum professor questionou se estava bem, mesmo sabendo ao que tinha acabado de ser sujeita.

Depois do caso, a jovem, segundo a família, foi acompanhada por um terapeuta.

Na sequência deste caso, a Comissária das Crianças para a Inglaterra, Rachel de Souza, pediu dados à Metropolitan Police e apurou que foram feitas 650 revistas a crianças entre 2108 e 2020 que implicaram retirar a roupa, 23% das quais sem a presença de um outro adulto no local. Segundo os dados agora conhecidos, mais de 95% dos jovens revistados eram rapazes e 58% negros. Só num ano, em 2018, 75% dos rapazes revistados desta forma eram negros, revelaram também os dados.

Só se dispensa a presença de um outro adulto além do agente numa revista desta natureza a menores se for um caso de risco iminente. Normalmente, o adulto em causa são pais do menor, um agente social ou mesmo um voluntário.

Rachel de Souza assumiu estar "extremamente preocupada" com estes resultados. "Não tenho a certeza que o que aconteceu foi um caso isolado, mas acredito que pode ser um exemplo particularmente preocupante de um problema sistémico em torno na proteção de menores na Metropolitan Police".

A Metropolitan Police já reagiu, "reconheceu o impacto significativo que este tipo de revistas pode ter" e informou que está a rever procedimentos.