Um oficial da polícia da capital da Coreia do Sul, Seul, confirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) a realização de buscas à organização que representa cerca de 140 mil médicos sul-coreanos.
Na quarta-feira, a KMA tinha acusado o governo de transformar o país num “estado totalitário” e utilizar “táticas de intimidação”, por ameaçar deter, acusar criminalmente e suspender as licenças dos estagiários que não regressassem ao trabalho até quinta-feira.
A lei da Coreia do Sul não permite aos médicos fazer greve.
Apesar das ameaças, a KMA convocou uma manifestação para domingo em Seul e disse esperar a participação de cerca de 25 mil pessoas, de acordo com estimativas da imprensa sul-coreana.
Na quinta-feira, o ministro adjunto da Saúde da Coreia do Sul Park Min-soo disse que o Governo queria iniciar negociações com os médicos internos.
Mais de 10 mil médicos estagiários (cerca de 80% do total no país) apresentaram a demissão e quase nove mil abandonaram efetivamente os empregos desde 20 de fevereiro, após o executivo ter anunciado um plano para aumentar as vagas nas escolas médicas.
A greve afetou profundamente o funcionamento dos principais hospitais da Coreia do Sul, obrigando ao adiamento ou cancelamento de procedimentos não urgentes para garantir a resposta a casos de emergência.
As autoridades alargaram ao máximo o horário de consultas nos hospitais públicos, abriram ao público em geral as urgências dos 12 hospitais militares e deram aos enfermeiros proteção legal para realizarem alguns procedimentos normalmente reservados para médicos.
Park Min-soo disse na quinta-feira que alguns médicos tinham começado a voltar ao trabalho nos hospitais do país.
Mas, no mesmo dia, o ministro da Saúde, Cho Kyoo-hong, admitiu à imprensa sul-coreana que “um retorno em massa ainda não se materializou” e acrescentou que os médicos que regressassem ao trabalho até ao prazo limite não seriam punidos.
De acordo com sondagens, o plano que aumentaria as vagas nas escolas médicas em 65 por cento, ou mais duas mil pessoas por ano, a partir de 2025, tem um amplo apoio por parte da população da Coreia do Sul.
O Governo sul-coreano justifica esta medida como necessária para preparar o país para uma população cada vez mais idosa.
Cerca de 44% dos sul-coreanos terão mais de 65 anos em 2050, de acordo com projeções das autoridades.
O Governo calcula que faltarão 15 mil médicos para atender às necessidades do país até 2035 se nada for feito.
Mas os médicos opõem-se ao projeto por considerarem que a admissão de mais estudantes nas escolas médicas resultará numa queda no nível profissional dos futuros médicos e que a qualidade dos cuidados será prejudicada.
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