“Damos início a um grande processo de transformação das comunidades do estado do Rio de Janeiro. Foram meses elaborando um programa que mude a vida da população levando dignidade e oportunidade. As operações de hoje são apenas o começo dessa mudança que vai muito além da segurança”, indicou o governador, Cláudio Castro, na rede social Twitter.

Ainda segundo Castro, o projeto será fixado de maneira permanente em duas comunidades, que servirão de “modelo para outros importantes lugares que sofrem com a ausência de serviços e programas que realmente colaborem para melhorar a vida de quem mora nessas áreas”.

Já de acordo com a Polícia Militar do Rio de Janeiro, está em causa “uma retomada de território na comunidade do Jacarezinho” por parte do Governo estadual, com a corporação a adiantar que as comunidades que estão no entorno também serão ocupadas, como a do Manguinhos, Bandeira II e Conjunto Morar Carioca.

Na prática, o projeto “Cidade Integrada” desenvolve-se como uma reformulação do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), uma política implementada pelo governo do Rio de Janeiro a partir de 2008 com o objetivo de combater e desarticular o crime organizado e o tráfico de drogas nas comunidades e favelas da região.

O “Cidade Integrada” prevê patrulhamento, investigações para desestruturar organizações criminosas e intervenções sociais.

Segundo a imprensa local, cerca de 1.200 agentes, entre eles do Batalhão de Operações Especiais (Bope), encontram-se neste momento no Jacarezinho e começaram a ocupar a favela a partir das 05:30 (hora local, 08:30 em Lisboa).

Juntamente com os agentes, entraram ainda dois veículos blindados na comunidade, assim como outras viaturas, e um helicóptero dá apoio à operação.

A favela do Jacarezinho, uma pobre comunidade do norte do Rio de Janeiro, foi palco, em maio do ano passado, daquele que é considerado por organizações de direitos humanos como o maior massacre da história do Rio de Janeiro, pelos abusos cometidos pelos agentes durante uma ação policial, que durou nove horas e que matou 28 pessoas: 27 civis e um agente da polícia.

Segundo a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW), as evidências indicam que durante a operação no Jacarezinho ocorreram casos de execuções extrajudiciais, abusos contra detidos e destruição de provas.

Refúgios de narcotraficantes, favelas do Rio de Janeiro costumam ser palco de violentas operações policiais, como é o caso do Jacarezinho, situação que deixa os moradores em constante preocupação.

Na manhã de hoje não foi diferente, com cidadãos a saírem de casa para trabalhar e a depararem-se com centenas de polícias armados nas suas portas.

“No ano passado eu também estava saindo para o trabalho quando teve aquele tiroteio e não quero passar por isso de novo. Tomara que desta vez seja algo mais tranquilo para os moradores”, disse uma moradora à rede Globo.