“Penso que limitar o número de refugiados e imigrantes nos Estados Unidos é um mau sinal para o resto mundo”, declarou Susan Donovan, lembrando ainda os discursos e políticas anti-imigração que estão a ressurgir em várias partes do mundo.
A especialista, que é diretora do projeto Eurita da International Rescue Committee (IRC) e trabalha em prol dos refugiados há mais de 25 anos, falou à Lusa à margem da XIII Congresso Internacional do Conselho Português para os Refugiados (CPR), que ocorreu hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
“Eu penso que a política de imigração do Presidente Trump irá voltar-se contra ele”, avaliou Susan Donovan, sublinhando que a imigração é um fator importante para a reposição da mão-de-obra no setor económico no país.
O Presidente norte-americano, no entanto, tem um forte discurso anti-imigração.
Trump elegeu mesmo o combate à imigração, nomeadamente à marcha de migrantes sul-americanos que está a caminho dos Estados Unidos, como estratégia na campanha para as eleições intercalares da passada terça-feira.
Cerca de 5.500 migrantes que partiram das Honduras a 13 de outubro em direção aos Estados Unidos chegaram na quarta-feira à Cidade do México, segundo a Comissão de Direitos Humanos daquele país.
A maioria dos migrantes da América Central que chegam à Cidade do México está determinada a entrar nos Estados Unidos, apesar das ameaças do Presidente Donald Trump, que prometeu impedi-los de entrar no país e enviou cerca de 4.800 militares para a fronteira.
Para escapar da pobreza ou da violência de gangues criminosos, mais de meio milhão de centro-americanos cruzam todos os anos o México na esperança de entrar nos Estados Unidos.
Susan Donovam referiu que “os Estados Unidos são uma nação de imigrantes, que foi fundada por refugiados”.
“Nós temos defendido a nossa cultura e a nossa atividade económica há mais de 200 anos”, avaliou, referindo-se ao contributo dos imigrantes e refugiados na sociedade norte-americana.
“Temos realizado e liderado este tipo de trabalho humanitário com refugiados e imigrantes, de várias maneiras, há muitos anos. Devemos continuar a fazer este trabalho”, sublinhou ainda.
Para a responsável, os imigrantes e refugiados “dão um contributo extremamente importante para a sociedade norte-americana”.
Susan Donovan disse ainda que grande parte dos refugiados, área em que especificamente trabalham, tornam-se cidadãos norte-americanos e, muitas vezes, criam as suas próprias empresas ou empregos, contribuindo ativamente também para a economia dos Estados Unidos.
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