“Aquilo que contestamos é o projeto que supostamente irá ser implementado, e digo supostamente, porque na verdade as versões que vão surgindo por parte da câmara sofrem variáveis todos os dias”, começou por dizer à Lusa a presidente da Associação Renovar a Mouraria, Inês Andrade.

“Mas aquela a que temos acesso e que temos conhecimento, ainda que incipiente, é o projeto de concessão a um privado para a implementação de um projeto absolutamente de índole comercial na área da restauração e de comércio em geral”, com o qual “a comunidade não se identifica”, acrescentou a dirigente.

Para Inês Andrade, o projeto que prevê a implementação de quiosques comerciais inseridos em contentores, na praça do Martim Moniz, trará “ainda mais pressão turística para o território” e “desvirtua” aquilo “que é uma praça pública”.

Além disso, a associação contesta “todo este processo, muito pouco transparente, cheio de contradições, e que parece que está no segredo dos deuses”.

“Nós não sabemos muito do projeto em si e as informações são sempre também muito variáveis. E na verdade acho que essas variações de projeto que a câmara vai dizendo (…) são também para baralhar as pessoas e para tentar desmobilizar a contestação”, defendeu ainda a presidente da Associação Renovar a Mouraria.

Questionada sobre o número de pessoas esperadas para o cordão humano de sábado, a realizar-se entre as 14:30 e as 16:30, Inês Andrade foi taxativa: “Acredito que teremos mais de 500 pessoas”.

O projeto de requalificação da praça do Martim Moniz tem sido largamente contestado pela população e por autarcas locais.

Na reunião pública do executivo municipal, na quarta-feira, o presidente da autarquia, Fernando Medina (PS), esclareceu que "o projeto de contentores" para aquela praça ainda não está licenciado, ao contrário do que afirmou a oposição.

O autarca insistiu sempre que está apenas autorizado o projeto de infraestruturas, de tubagens no subsolo, o que é independente de a praça vir a ter contentores ou qualquer tipo de quiosques, acrescentando que o licenciamento para a praça do Martim Moniz ainda será votado em reunião de câmara.

Medina referiu também que esse projeto incluirá o parque infantil - contributo que resultou do debate público - o aumento da área pública e de maiores responsabilidades na limpeza e segurança pelo concessionário, que foi uma condição do município.

A requalificação da praça do Martim Moniz vai custar três milhões de euros e as obras deverão terminar no verão, segundo disse à Lusa, em dezembro, um representante do concessionário.

Apesar de os populares terem pedido um jardim, a praça vai contar com um mercado, à semelhança do que já lá existia, mas será totalmente aberto.

Insatisfeito com o projeto está também o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS).

Fernando Medina admitiu em dezembro que o projeto de requalificação da praça do Martim Moniz “não é o ideal”, “não é o melhor”, mas é “bem melhor” do que o que existe atualmente.