Em conferência de imprensa a anteceder a reunião por videoconferência dos ministros de Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, sigla em inglês), na quinta e sexta-feira, o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, divulgou dados sobre a contribuição dos países-membros para esta área, falando num aumento das verbas apesar da pandemia de Covid-19, segundo os dados ainda provisórios.

“Hoje divulgamos as estimativas de despesa dos países-membros com Defesa para 2020 e, pelo sexto ano consecutivo, haverá um aumento das contribuições, uma subida real de 4,3%”, declarou Jens Stoltenberg aos jornalistas.

Apesar de reconhecer a pressão sobre as contas públicas dos países devido à pandemia de Covid-19, o responsável disse esperar que “esta tendência continue e que os aliados continuem a investir mais” neste setor, frisando que a crise sanitária “não fez com que os desafios desaparecessem”.

No caso de Portugal, a percentagem do PIB alocada a este setor deverá ser de 1,63% do PIB em 2020, segundo os dados preliminares.

Esta contribuição tem vindo a aumentar desde 2017, tendo passado de 1,24% nesse ano para 1,35% em 2018 e para 1,39% em 2019.

O objetivo traçado pelo Governo português era de chegar aos 1,41% da riqueza nacional no ano passado.

Até 2024, o executivo de António Costa pretende chegar aos 1,66% do PIB nas despesas com a Defesa, meta que, ainda assim, ficará aquém do objetivo de 2% acordado entre os países membros da NATO na cimeira de Gales em 2014.

O Governo espera ainda alcançar os 1,98% do PIB se o país conseguir obter os fundos comunitários no âmbito do próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia para o período 2021-2027, nomeadamente através do Horizonte Europa e do Fundo Europeu de Defesa.

Com a percentagem alcançada este ano, Portugal mantém-se o 16.º membro da NATO (de um total de 29) que mais investe em Defesa, imediatamente à frente da Alemanha (1,57%), e destacadamente à frente de Espanha (1,16%), Bélgica (1,10%) e Luxemburgo (0,64%), os aliados na ‘cauda’ da lista.

Entre os países-membros da NATO que mais investem na Defesa estão os Estados Unidos, que lideram a lista com uma percentagem de 3,87%, seguidos pela Grécia (2,58%) e Reino Unido (2,43%).

Os dados da organização transatlântica indicam ainda que, em termos absolutos, Portugal deverá gastar 3.191 milhões de euros com este setor em 2020, após despesas de 2.946 milhões de euros no ano passado e de ter alocado 2.750 milhões de euros em 2018 (isto em preços correntes).

Na conferência de imprensa que antecede a reunião dos próximos dias dos ministros de Defesa da NATO, Jens Stoltenberg notou que um dos assuntos em cima da mesa será o das ameaças relacionadas com a tecnologia móvel de quinta geração (5G) e a cibersegurança, precisando que “é precisar fazer mais” para proteger tais infraestruturas.

“Não podemos capacidades militares fortes sem sociedades fortes”, adiantou.