A sequenciação do genoma do novo coronavírus "pode revelar-se uma ferramenta importante a vários níveis, nomeadamente para a ação em saúde pública no contexto de surto, pois, além de poder sustentar cadeias de transmissão identificadas a nível epidemiológico, poderá também desvendar novas cadeias, bem como identificar a origem de novas introduções do vírus em Portugal", explica o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge em comunicado.
Em causa está a sequênciação de dois casos confirmados a 2 de março aos quais estavam associadas viagem a Itália e a Espanha.
Assim, isto irá "contribuir para melhorar o conhecimento da variabilidade genética deste novo vírus à escala mundial, o que permitirá um melhor desenvolvimento de medidas profiláticas (vacinas) e terapêuticas".
As conclusões do Instituto Ricardo Jorge "foram imediatamente partilhados a nível internacional, através da plataforma online Nextstrain e do repositório GISAID".
Para efetuarem a sequência do genoma do novo coronavírus, os investigadores do Instituto Ricardo Jorge "amplificaram laboratorialmente o material genético do vírus e de seguida a sequência completa do genoma foi identificada com recurso a tecnologias de sequenciação de nova geração e análise bioinformática, efetuada através da plataforma online INSaFLU."
A sequenciação destes primeiros casos envolveu profissionais de várias instituições, incluindo as equipas clínicas dos Hospitais São João e Santo António do Porto e de laboratórios dos departamentos de Doenças Infeciosas (DDI) e de Genética Humana do Instituto Ricardo Jorge (Laboratório Nacional de Referência para a Gripe e outros Vírus Respiratórios, Unidade de Tecnologia e Inovação e Núcleo de Bioinformática do DDI), informa o Ministério da Saúde.
O próximo passo é sequenciar "o genoma do vírus associado a novos casos de Covid-19 em Portugal".
O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 5.700 mortos em todo o mundo. O número de infetados ultrapassa as 151.000 pessoas em 137 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 169 casos confirmados.
A ministra da Saúde, Marta Temido, declarou ontem que se entrou "numa fase de crescimento exponencial da epidemia".
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (77), seguida da Grande Lisboa (73) e das regiões Centro (8) e do Algarve (7). Há ainda quatro casos confirmados no estrangeiro, segundo a Direção-Geral da Saúde.
O boletim epidemiológico assinala também que, desde o início da epidemia, foram registados em Portugal 1.704 casos suspeitos, mantendo-se 5.011 contactos em vigilância.
O Governo declarou o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e anunciou a suspensão das atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira.
Outras medidas aprovadas foram a restrição de funcionamento de discotecas e similares, a proibição do desembarque de passageiros estrangeiros de navios de cruzeiro, a suspensão de visitas a lares de idosos em todo o território nacional e limitações de frequência nos centros comerciais e supermercados.
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