A propósito do "horror" dos ataques do grupo islamita Hamas em Israel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defendeu hoje “uma resposta unida” da União Europeia (UE), que deve “reagir como uma democracia”.
“Israel tem o direito a defender-se, em linha com a lei internacional. O Hamas são terroristas. E os palestinianos também estão a sofrer com este horror, e temos de apoiá-los”, sustentou, numa sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo.
“Solidariedade é o mínimo que podemos fazer pelo povo de Israel. Este horror exige uma resposta unida de todos nós, como seres humanos, defensores de um mundo livre, como cidadãos da Europa, onde o ódio, o terrorismo e o racismo não têm lugar”, disse.
Considerando que muito se tem falado da possibilidade terrorismo na Europa nos últimos dias — só hoje, nove aeroportos foram encerrados por ameaça de bomba e o Palácio de Versalhes foi novamente evacuado e, na semana passada, registou-se um ataque numa escola em França, bem como um tiroteio em Bruxelas no início desta semana —, resta saber se esta conversa faz mesmo sentido.
Há ameaça terrorista na Europa?
“A ameaça terrorista ainda é alta na UE, pode ser que aumente, ainda não chegámos ao ponto mais alto, mas mantemo-nos vigilantes”, disse hoje a comissária europeia para os Assuntos Internos, a sueca Ylva Johansson, em conferência de imprensa conjunta com o vice-presidente da Comissão responsável pela promoção do estilo de vida europeu, Margaritis Schinas, em Bruxelas.
Na conferência de imprensa, Ylva Johansson acrescentou que também houve “uma alteração nos padrões” de radicalização de pessoas dentro da UE.
“Por exemplo, há cada vez mais ataques de 'lobos solitários'. Ainda é cedo para dizer se este ataque específico em Bruxelas foi perpetrado por um 'lobo solitário', mas tudo aponta nesse sentido”, completou a comissária.
Ylva Johansson explicou que hoje a “radicalização ‘online’ é uma ameaça premente”: “Vemos cada vez mais pessoas radicalizadas em padrões que não são tradicionais. Às vezes chamo-lhe 'escolha a sua própria ideologia', já que [as pessoas radicalizadas] escolhem um pouco de ódio, contra judeus, homossexuais, mulheres, governos, o que quer que seja, e misturam-no de uma maneira muito perigosa e violenta”.
A comissária europeia para os Assuntos Internos reconheceu ainda que a exacerbação das tensões no Médio Oriente e o agravamento do conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas “pode levar à radicalização na União Europeia”.
Contudo, o vice-presidente Margaritis Schinas interveio para “alertar contra qualquer islamofobia na UE à luz do que está a acontecer”, nomeadamente, o conflito entre Israel e o Hamas e os recentes ataques em França e na Bélgica.
“Nós [a Comissão] defendemos e promovemos o estilo de vida europeu, onde todos podem existir, coexistir, em harmonia e respeito. Estas condições têm de estar presentes”, completou.
E em Portugal?
O grau de ameaça de terrorismo em Portugal não vai aumentar para já, apesar de as polícias terem adotado medidas de segurança ajustadas ao conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas, indicou hoje o Sistema de Segurança Interna (SSI) à Lusa.
Nos termos do plano de coordenação existente, a avaliação da ameaça no país é da competência do Serviço de Informações de Segurança (SIS), “o qual trabalha em estreita e permanente cooperação ao nível internacional em diversos fóruns e ao nível nacional com as outras forças e serviços que integram o Sistema de Segurança Interna”.
“De acordo com essa avaliação, contínua e permanente, não existem, neste momento, indícios ou razões que justifiquem a elevação do grau de ameaça em território nacional, por não se encontrarem preenchidos os pressupostos descritos no PCCCOFSS”, precisa a nota do gabinete de Paulo Vizeu Pinheiro.
Apesar do grau de ameaça não aumentar, o gabinete do secretário-geral do SSI garante que as forças e serviços de segurança podem adotar “as medidas de segurança adequadas desde o primeiro momento”, além de acompanharem a evolução da situação e poderem “adotar a qualquer momento novas medidas de reforço da segurança de pessoas e instalações consideradas de maior risco”.
Na semana passada, a Polícia de Segurança Pública avançou à Lusa que reforçou a segurança junto de estruturas israelitas em Portugal, como a embaixada e sinagogas, na sequência do conflito armado entre Israel e o movimento islamita Hamas.
Nesse sentido, o ministro da Administração Interna disse hoje que foram reforçados locais, instituições e pessoas “sujeitas a um nível de risco mais elevado”.
Apesar de não especificar os espaços que foram reforçados em Portugal, nem com que meios, o governante afirmou que a avaliação dos níveis de risco a pessoas, instituições ou infraestruturas críticas é objeto de uma avaliação “diária, regular e muito ponderada e equilibrada” quer dos serviços de informações nacionais que se articulam, por sua vez, com os serviços de informações internacionais, explicou.
“São níveis de informação próprios do Sistema de Segurança Interna que não podem, naturalmente, ser revelados publicamente”, sublinhou.
*Com Agência Lusa
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