"No contexto das 400 mil situações identificadas para a Europa, as 6.600 identificadas para Portugal, colocam o país, apesar de tudo, numa das melhores situações do ponto de vista europeu", afirmou à agência Lusa Carlos Martins.
Um relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA na sigla em inglês), divulgado na quarta-feira, com base em dados de 2014, estima que em Portugal morram prematuramente 6.630 pessoas devido a problemas associados à má qualidade do ar.
O governante especificou que aquele indicador "não mede diretamente uma relação inequívoca entre uma coisa e outra, trata-se de uma questão de morte prematura".
"Relativamente ao número português, é uma tendência que não sofre uma alteração de grande significado relativamente àquilo que é o passado recente, ou seja, anos anteriores àquele agora avaliado", acrescentou.
"Foram identificadas em Portugal duas situações com alguma criticidade, alguns eixos centrais de Lisboa e Porto, sempre associados à questão do transporte e aos veículos e também há uma ou outra situação ligada à questão do ozono, que tem muito a ver com as situações climáticas", explicou.
Este ano, continuou, regista-se "uma situação adversa dos incêndios que veio perturbar um pouco a qualidade do ar porque há mais partículas em suspensão", conjugadas com as temperaturas elevadas e ausência de vento.
"Portugal, felizmente nessa matéria, até pela sua situação geográfica, mas também pelo seu tecido industrial, pelas medidas que tem vindo a ser tomadas pelas indústrias para reduzir as emissões, tirando Lisboa e Porto, não tem uma situação que mereça grande preocupação", insistiu Carlos Martins.
Por isso, naquelas duas cidades, admitiu que em algumas condições climáticas mais desfavoráveis "possam ter de vir a ser tomadas medidas complementares".
O secretário de Estado disse que o Governo "conhece bem a situação" relacionada com a poluição do ar e já publicou uma estratégia nacional para a qualidade do ar, com um conjunto de medidas e orientações em várias áreas como o conhecimento e informação, iniciativas setoriais para reduzir as emissões atmosféricas, investigação e desenvolvimento e governança.
A rede de recolha de dados da qualidade o ar está a ser modernizada, com um investimento superior a dois milhões de euros, através do Fundo Ambiental e de fundos das cinco Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
A associação ambientalista Zero alertou hoje que, na terça e quarta-feira, a avenida da Liberdade, em Lisboa, registou excedências do valor máximo permitido em dois poluentes e defendeu a necessidade de avisar a população, mas também de avançar medidas preventivas, como restringir o trânsito.
Em termos de qualidade do ar, os dois parâmetros - as partículas inaláveis e os óxidos de azoto - afetam a saúde humana.
Através da Direção-Geral da Saúde (DGS), as autoridades alertaram hoje para "uma persistência das condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes, nos próximos dias, com efeitos adversos na qualidade do ar, e a ocorrência de eventos naturais de partículas nas regiões do Alentejo e Algarve".
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