"Mantemos, em relação a esta [de Barack Obama] e à próxima administração [liderada por Donald Trump], a mesma expectativa. Há razões que justificam que os Estados Unidos compreendam melhor a importância estratégica das Lajes como base militar para a sua força aérea e que a redução de contingente que querem concretizar é excessiva", disse Augusto Santos Silva à Lusa, a propósito da reunião da comissão bilateral permanente entre Portugal e os Estados Unidos, que decorreu esta quarta-feira em Sintra.
O chefe da diplomacia portuguesa lembrou que o processo de decisão norte-americana sobre o uso da base das Lajes, na ilha Terceira, não está ainda concluído - quer o organismo norte-americano equivalente ao Tribunal de Contas quer o Congresso ainda vão pronunciar-se.
A reunião da comissão bilateral permanente serviu para as duas partes fazerem "o balanço do adquirido nas negociações, de forma a que a nova administração possa retomar o assunto com toda a informação necessária", depois de tomar posse, a 20 de janeiro, referiu Santos Silva.
"Com esta e com a próxima administração, insistimos que as Lajes e os Açores podem constituir uma boa plataforma para reforçar a cooperação entre Portugal e os Estados Unidos em duas áreas essenciais: segurança e defesa e investigação e desenvolvimento, em torno das ciências e das tecnologias do espaço, dos oceanos e do clima", sublinhou.
Na reunião desta quarta-feira, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, fez uma "apresentação muito extensa" do projeto português de criação de um laboratório científico no Atlântico, sediado nos Açores.
O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, que participou na comissão bilateral permanente, defendeu a necessidade de uma abordagem "mais eficaz e mais rápida" na resolução de questões ambientais na base das Lajes.
O chefe do executivo regional referiu que a questão das infraestruturas também foi abordada na reunião, dado que estão "num processo de determinação da sua posse", na sequência da decisão de redimensionamento das forças norte-americanas na base.
Na sequência do anúncio, a 08 de janeiro de 2015, da redução da presença norte-americana nas Lajes, os Açores apresentaram um plano de revitalização económica da Terceira no qual pedem ao Governo nacional que assegure junto dos EUA 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, para a ilha.
Mais de metade dessa verba - 100 milhões de euros anuais - tem como destino a "reconversão e limpeza ambiental" de infraestruturas e terrenos construídos e ocupados pelos Estados Unidos ao longo dos mais de 60 anos, alguns deles com problemas já diagnosticados de contaminação.
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