“Temos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para estarmos preparados, não nos podemos atrasar no nosso trabalho de casa para que, assim que tudo esteja resolvido em Bruxelas, podermos avançar para a concretização do plano”, disse o primeiro-ministro aos jornalistas portugueses, à saída de uma reunião com vários comissários europeus.

António Costa referia-se aos fundos da UE que Portugal deverá receber para fazer face às consequências económicas da pandemia causada pelo novo coronavírus SARS-Cov-2.

“É para isso que temos vindo a trabalhar com os parceiros sociais, com todos os partidos políticos, tendo em vista termos um bom plano para o podermos implementar assim que ele esteja disponível”, realçou Costa, sublinhando que Portugal quer ser “o primeiro país a apresentar o ‘draft’ do plano de recuperação e resiliência”.

Questionado sobre o eventual atraso dos fundos devido bloqueio das negociações entre o Parlamento Europeu (PE) e o Conselho Europeu, António Costa sublinhou: “cada dia que perdemos é um dia que compromete a recuperação da economia e dos empregos”.

“Este acordo implica ouvir o PE e, sendo legítimas as divergências, o que ninguém compreenderia era se não fizéssemos o esforço para ultrapassar essas divergências e encontrar pontos de entendimento”, acrescentou o primeiro-ministro.

O Parlamento Europeu, a quem cabe a palavra final na aprovação do Orçamento Europeu e do Fundo de Recuperação Europeu, tem sublinhado que “não irá aceitar cortes injustificados” no orçamento da União.

A vinculação do fundo comunitário europeu à manutenção do Estado de Direito também tem sido fonte de divisões entre o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu, tendo a chanceler alemã Angela Merkel referido que se aguardam “negociações difíceis” entre as duas instituições.

As declarações de António Costa, que está em Bruxelas para participar numa cimeira europeia extraordinária entre hoje e sexta-feira, foram feitas à saída de uma série de encontros bilaterais esta manhã com os comissários europeus Paolo Gentiloni (Economia), Elisa Ferreira (Coesão e Reformas) e Margrethe Vestager (Concorrência).

O primeiro-ministro esteve também reunido com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.