“Acompanhamos com muita preocupação a evolução da situação na Geórgia. Portugal tem reiterado – e creio que isso vai ser feito no Conselho Europeu pelos nossos parceiros – a importância de a União Europeia prosseguir o processo de adesão e de se reverter esta tendência do poder político que é contrária ao sentido do povo”, afirmou o chefe do executivo português, Luís Montenegro, durante o debate preparatório da reunião dos chefes de Estado e de Governo dos 27 nos próximos dias 19 e 20 de dezembro, a primeira chefiada pelo ex-primeiro-ministro português António Costa.

O Governo de Tbilissi, liderado pelo partido Sonho Georgiano, considerado pró-russo, anunciou a 28 de novembro a suspensão até 2028 do diálogo sobre a integração da Geórgia na União Europeia, o que desencadeou protestos em grande escala em todo o país, que prosseguem, apesar da repressão.

Em resposta a uma questão do Chega sobre a situação no país vizinho da Rússia, Montenegro ressalvou que a União Europeia não faz qualquer “ingerência direta”, mas será “muito firme em relação ao posicionamento recente do Governo da Geórgia”.

“Algo vai mal quando o governo faz uma inversão e as pessoas não respeitam, manifestam-se (…) numa contestação muito consolidada e relevante”, considerou.

Para Montenegro, a UE “deve ser muito clara em dizer ao povo georgiano e às autoridades que o caminho do respeito pelos direitos humanos e pelos valores da democracia deve ser assegurado”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE deverão analisar sanções contra a Geórgia numa reunião que se realizará a 16 de dezembro.

Segundo defensores dos direitos humanos, cerca de 400 pessoas foram detidas durante as manifestações e mais de 300 delas foram vítimas de violência policial.

Também ficaram feridos mais de 50 jornalistas, o que foi denunciado pelas associações de imprensa internacionais e pela sociedade civil do país caucasiano.

As autoridades georgianas informaram que 150 polícias sofreram ferimentos em confrontos com manifestantes nos primeiros dias dos protestos.