A situação afeta, segundo a petrolífera Sonangol, a distribuição de gasolina, que desde sábado está a ser progressivamente restabelecida, por entre a corrida dos automobilistas aos postos de abastecimento de Luanda.
"Vieram ontem [sábado] abastecer-nos, mas a procura era tanta, porque já não tínhamos há dois dias, que à noite acabou. Agora estamos sem gasolina, à espera outra vez do camião da distribuição", explicou à Lusa Leonel José, funcionário de um concorrido posto do bairro do Maculusso, centro de Luanda.
Por estes dias, a generalidade dos postos de combustíveis de Luanda alternam entre a placa à entrada "Não há gasolina" e filas de automóveis que se prolongam ao longo de centenas de metros, na esperança de garantir algum combustível.
Num comunicado enviado no sábado à Lusa, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) refere que se "registou um atraso de 24 horas na distribuição de combustíveis", especialmente de gasolina, na rede de postos da província de Luanda, devido a "problemas operacionais relacionados com a logística de distribuição", ocorridos na quinta-feira.
"Perante este facto, a Sonangol ativou, de imediato, os seus planos de contingência, que triplicaram o fornecimento de combustíveis aos postos de abastecimento de Luanda, durante as últimas 48 horas", referia a companhia, prevendo a regularização da situação ao longo do dia de sábado.
A Sonangol admite que a situação levou a um "constrangimento junto dos consumidores finais", que diz ser "fruto de uma perceção da anormalidade no fornecimento dos postos de abastecimento" da capital angolana, "a que acresce a difusão de várias notícias falsas sobre a origem da mesma, o que provocou uma excessiva, e natural, procura de combustíveis".
A petrolífera liderada por Isabel dos Santos refere mesmo que a situação levou a "tentativas de açambarcamento e prática de preços especulativos" no mercado, no entanto afirma que "não existe nenhum problema substancial no fornecimento de combustíveis em Luanda".
"Lamentando esta situação pontual, apela à população que regresse às práticas habituais de consumo, já que não existem quaisquer razões para temer, a curto, médio e longo prazo, qualquer problema com o fornecimento de gasolina e gasóleo aos postos de abastecimento", concluiu o comunicado da Sonangol.
Em março deste ano registou-se um outro caso de problemas no abastecimento de combustíveis em Angola. A petrolífera estatal justificou a situação com a demora no pagamento a fornecedores internacionais, originando "um ligeiro atraso" na descarga de combustíveis importados nos portos nacionais.
A Sonangol referiu, na ocasião, que o atraso foi originado por uma "deficiente comunicação de pagamentos", consequência da "conjuntura económica e financeira" que o país atravessa desde finais de 2014, com a baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional.
O Governo angolano está a estudar a possibilidade de passar a enviar petróleo bruto produzido no país para refinar no estrangeiro, para posterior consumo nacional.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África, com mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia, mas a capacidade de refinação nacional é insuficiente, cingindo-se a atividade à refinaria de Luanda, o que obriga à importação de grande parte dos produtos refinados que consome.
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