A história política do bávaro, nascido em julho de 1972 em Niederhatzkofen, no seio de uma família católica como o segundo de três irmãos, confunde-se com a Europa: membro do Parlamento Europeu (PE) desde 2004, como representante da Baixa Baviera, Manfred Weber consumou em Bruxelas o destino que começou a trilhar aos 16 anos, quando se envolveu na política.
Aos 29 anos, três antes de chegar a Bruxelas, tornou-se no mais jovem elemento do Parlamento da Baviera, primeiro como substituto, posteriormente, em 2003, como membro das listas da União Social-Cristã. O salto para o PE foi imediato. “Para mim, fazer política a nível europeu representa a plataforma máxima”, assume numa citação autobiográfica.
Enquanto eurodeputado, o engenheiro em Física Tecnológica (que na juventude foi trompetista no grupo instrumental da igreja da sua paróquia e que durante quase 20 anos foi guitarrista numa banda de amigos) cedo assumiu cargos de responsabilidade no PPE, tendo iniciado o seu percurso fulgurante no grupo parlamentar da maior família política europeia como porta-voz para os Assuntos Internos (2006-2009).
Nomeado vice-presidente do grupo do PPE em 2009, foi sem surpresa que assumiu a presidência em 2014, registando outro recorde de precocidade ao tornar-se o mais jovem de sempre a chegar ao cargo – é também o mais novo entre os presidentes de todos os grupos parlamentares do hemiciclo.
Profundo conhecedor dos bastidores do PPE, este cristão convicto – “ir à missa todas as semanas não é uma obrigação para mim” - quer compensar a falta de experiência executiva, uma falha apontada por aqueles que consideram que não tem perfil para presidente da Comissão Europeia, com os sinais de identidade pessoal que o converteram num “construtor de pontes”.
“Weber tem uma rede muito bem montada, conhece todos, visitou todos os Estados-membros. Tem um profundo conhecimento político da UE e dos seus países. Por ser menos assertivo ou brusco do que são habitualmente os alemães, e por ser dotado de uma grande capacidade negociadora, é um construtor de pontes. É aquilo que podemos definir como um “alemão suave”, explicou à agência Lusa uma fonte partidária.
O acesso direto aos eurodeputados, “que em grande parte dos casos ajudam os líderes nacionais a formar a opinião sobre os temas europeus”, e o apoio anunciado da chanceler alemã, Angela Merkel, que influenciou, pelo seu prestígio e peso político, a orientação de voto no congresso de Helsínquia de outros líderes da União Europeia, são os trunfos do candidato (ultra)conservador para atenuar as suas carências.
“Não tem carisma, não impressiona nem pelo conhecimento, nem pela retórica, nem pela liderança”, notou a mesma fonte, ressalvando, contudo, que o seu perfil facilita a recolha de apoios: “Por um lado, é da Baviera, o que agrada ao leste europeu. É católico, uma característica importante para os países do Sul, e é alemão, com as vantagens que isso acarreta”.
Europeísta convicto, Weber quer reaproximar a União Europeia dos cidadãos, não negando para isso o estabelecimento de diálogo com eurocéticos, como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, ou o líder nacionalista polaco, Jarosław Kaczyński, numa postura mais amena do que aquela que adotou com Portugal durante a crise.
Em maio de 2016, escreveu à Comissão Europeia, em maio de 2016, a pedir que Bruxelas endurecesse as suas posições sobre os países – Portugal e Espanha - incumpridores do défice de 3% definido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, admitindo até o recurso a instrumentos corretivos.
Já este ano, chegou a defender que a polémica que envolveu Mário Centeno na questão dos bilhetes para os jogos do Benfica deveria ser discutida no PE, recuando pouco depois.
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