5.

Da magnífica varanda do hotel Boa Vista, o tenente Félix Amoroso observava a Baía da Praia Grande, onde alguns juncos indolentes navegavam ao sabor das suaves ondas e do vento. Estava encostado a um dos pilares, imerso na vista, a fumar. Ali criava-se a errada sensação de que o tempo não tinha fim. Mas, como aprendera com os chineses, o ciclo da vida era como a das estações. Não era um caminho contínuo rumo a um futuro que queríamos descobrir e, se possível, conquistar. Ouviu um ruído e isso fez com que caminhasse até encontrar um homem sentado num cadeirão a ler um jornal. Era o novo Governador de Macau,

Rodrigo José Rodrigues. Aproximou-se e saudou-o:

— Boa tarde, senhor Governador. Não o tinha visto.

Este sorriu, salientando mais a sua face esguia. Tinha o cabelo e o bigode negros e usava uns óculos redondos onde se refugiavam uns olhos inquietos. Fez um gesto reconfortante com a mão.

— Sente-se ao meu lado, tenente Amoroso. Estava a ler o Diário de Notícias, que aqui chega com largo atraso. Mas é uma boa forma de saber algumas coisas que vão acontecendo em Lisboa. Imagina que não era assinado pelo Governo daqui? E o tenente, o que faz aqui? Não me diga que veio assistir à sessão de poesia organizada pela minha mulher? Eu já lá estive, mas agora é a parte mais social, que dispenso.

— Sei que a senhora Rita Margarida Rodrigues é uma distinta poetisa.

— Há quem o afirme. Não serei o melhor juiz em causa própria. Mas, sinceramente, também penso o mesmo.

Falava pausadamente, como se meditasse cada palavra. Às vezes levava a mão aos óculos num gesto mecânico ou nervoso.

— Que bela vista, não é verdade, tenente Amoroso?

— É verdade, senhor governador. Presumo que daqui tem uma outra visão de Macau. Talvez um pouco diferente da que tem desde o Palácio de Santa Sancha.

Rodrigo José Rodrigues fez um esgar:

— Do lugar do poder tem-se sempre um olhar diferente sobre o mundo. E que nem sempre é real. Perde-se, muitas vezes, o contacto com a poeira. É por isso que quem quer dirigir bem, tem de se rodear de pessoas competentes. E atentas. Eu dependo de homens como você.

Agarrou num copo de vinho branco e levou-o à boca. Bebeu um pouco, antes de continuar:

— Desde que aqui estou já percebi que Macau vive longe de Lisboa. O relógio aqui marca horas diferentes das de Portugal. E lá decide-se sem se conhecer o que se passa aqui.

Amoroso fungou. Aproveitou para confrontar Rodrigo Rodrigues com as notícias que começavam a circular:

— Diz-se, senhor Governador, que há quem em Lisboa defenda a venda de Macau. Para evitar despesas e chatices.

— Fala-se agora disso aqui? Essa é uma história muito antiga. Já vem do tempo da monarquia. O Oliveira Martins falou disso. O Eça de Queiroz também. Mas agora parece que ganhou nova alma para nos atormentar os dias e as noites em Macau. Pelo que li aqui no Diário de Notícias foi tema de um debate muito aceso entre um deputado, o senhor Jaime Leote do Rego, e o ministro das Colónias, o senhor Domingos Leite Pereira. Tudo por causa de um artigo que saiu num jornal americano, que dizia que o Governo português estava em negociações com a Alemanha para a venda deste território. O Governo português desmentiu. Sabe o que disse o ministro? Está aqui!

Notava-se alguma irritação na sua voz. Agarrou no jornal e leu uma frase que sublinhara a tinta azul:

— Diz o ministro: “Portugal não está em condições de alienar seja o que for do seu património. Não o quer fazer e, nem o fará nunca, pois que não está em circunstâncias de alienar seja o que for dos seus territórios.” Se o ministro o diz, deve ser verdade.

— Pode não ser, senhor Governador. Disseram-me que há alemães que já estão a operar em Macau como se o negócio estivesse feito.

— Penso que não esteja. Mas nunca se sabe. Portugal tem os cofres com aranhas e certificados de dívidas bolorentos lá dentro. E sabe como é: quem controla a dívida de um país, define as suas decisões. A nossa dívida não tem fim. Já nem se sabe quando começou. E o que resta para vender? As colónias...

Amoroso observou:

— Mas não há fumo sem fogo, não é verdade senhor Governador? A menos que saiba algo que não queira, ou não possa dizer, esse é um assunto que interessa a quem vive aqui. Seria muito diferente ter um governo alemão ou continuarmos com um governo português em Macau.

— Também penso assim, tenente. O que acha do assunto?

— Os alemães têm interesses coloniais. E os ingleses já não têm interesse nisto. Dominam Hong Kong e parte de Xangai. Têm a Índia. Os alemães sim, cobiçam um império. Conhece a cerveja Tsingtao, senhor Governador? Está à venda em Macau e a história começa aí. No final do século XIX, as forças navais alemãs tomaram conta da Baía de Jiaozhou, de um porto que conhecemos como Tsingtao, como concessão colonial. Os alemães estabeleceram-se lá e construíram a sua pequena Baviera. E criaram mesmo essa cerveja, que lhes lembrava as suas raízes. Mas, no início da Primeira Guerra Mundial, os alemães foram afastados dali pelo Exército Imperial Japonês, aliado dos europeus e americanos na Ásia. Não surpreendeu que a cervejaria alemã passasse a ser japonesa. No ano passado foi acordado que o porto voltasse à posse da China, mas a situação ainda é confusa. Desde que perdeu a concessão, Berlim quer ter um entreposto comercial nesta zona. Macau era um pitéu para os alemães degustarem com salsichas.

O Governador deu uma risada e voltou a agarrar no jornal.

É Desta Que Leio Isto: Ela tinha o dever de deslumbrar. Em maio, Filipa Martins traz-nos a biografia de Natália Correia

Filipa Martins junta-se ao É Desta Que Leio Isto no próximo encontro, marcado para dia 25 de maio, pelas 21h.

O livro escolhido para leitura é "O Dever de Deslumbrar. Biografia de Natália Correia", que chegou às livrarias a 16 de março, dia em que se cumpriram 30 anos sobre a morte da poetisa.

Esta obra mostra Natália Correia como símbolo das inquietações do século XX português e uma mulher "precoce e radical no pensamento feminino, vítima de efabulações e de mitos, incompreendida e amada".

Finalista dos Prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, Filipa Martins dedicou-se – nos últimos seis anos – a estudar a vida e a obra de Natália Correia, tendo sido coautora de um documentário e coargumentista de uma série de televisão sobre esta escritora açoriana.

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— Pelos vistos este foi um debate interessante, à nossa maneira, é claro. Veja o que o deputado Leote do Rego, verdadeiro herói republicano que muito prezo, disse sobre a notícia: “Esse jornal pode ser lido por 60 milhões. Tem 22 edições por dia. É um jornal importante, não há dúvida visto que os jornais se fizeram eco dele. Eu entendi que devia chamar a atenção de Sua Excelência para o jornal, não para provocar um desmentido, porque não era preciso que das cadeiras do Poder se viesse dizer que o Governo não pensava em alienar qualquer porção do território português, mas se poder afirmar aqui que o coração português se tinha amargurado, como de facto se amargurou, com a notícia que veio nesse jornal. Essa afirmativa já foi feita por um estadista espanhol por outra forma. Que Portugal é igual à colónia inglesa de maior importância. E até já se foi mais longe, dizendo-se que uma grande nação tinha aqui encravada uma feitoria britânica.”

Fez uma pausa, antes de continuar:

— E o deputado Agatão Lança aproveitou para trucidar a política externa portuguesa. Veja o que ele disse, sobre a nossa delegação em Washington: “O consulado é um quarto de hotel, onde habita o nosso representante e diz que Portugal é tão pequeno que cabe no seu bolso do colete.” E mais: “Os nossos interesses na América do Norte estão exactamente melhor defendidos na época do Verão, isto é, quando o nosso Ministro em Washington vai gozar as delícias do clima em outra terra, ficando a legação entregue ao nosso ministro do Brasil.” A julgar por estas palavras o futuro de Macau parece bem entregue, não lhe parece?

O tom de Rodrigo Rodrigues era notoriamente irónico.

— Que lhe posso dizer, senhor Governador, que já não saiba?

— Foi por isso que fugiu de Lisboa e se refugiou aqui, tenente?

— Foi por um conjunto de razões. Umas, pessoais. Mas também pelo aroma pouco agradável do panelão de Lisboa, onde se misturam interesses pessoais e negócios.

— Compreendo. E os chineses, o que acharão de tudo isto?

— Para já estão em lutas internas. Como se provou até há poucos meses. Mas não deverão achar piada a uma eventual venda. Ou correm connosco daqui, ou negoceiam com quem já estão habituados a viver.

— Isso não é apenas uma mentira que contamos a nós próprios, tenente?

— Os chineses e os portugueses criaram aqui um clima de entendimento quase perfeito. Há um equilíbrio estável. Nem nós os incomodamos nos seus negócios. Nem eles nos chateiam nos nossos. Só os mais radicais ou nacionalistas querem outra coisa.

— Já agora, aproveito para lhe colocar outra questão, tenente. Acha que a morte do senhor secretário João Carlos da Silva pode estar ligada a todas estas movimentações?

— Pode estar. Afinal, muitos podem estar interessados no que se decide em Lisboa ou em Santa Sancha. Ter lá um ouvido atento dá jeito. Para já, coloquei os meus melhores informadores em campo.

Rodrigo Rodrigues dobrou o jornal e fitou Amoroso:

— Parece-me bem. Convém estarmos atentos. Já agora, se não se importa, tenente, gostava de saber a sua opinião sobre outro assunto. Estou a pensar em reforçar o sentimento nacional em Macau. Foram os republicanos que recuperaram o nosso maior poeta, Luís de Camões. Aqui passaríamos a fazer, no dia de Portugal, uma romagem à gruta de Camões. Acho que isso é importante. Vivemos tempos de decadência. Como aqueles que Antero de Quental ou Guerra Junqueiro transportaram para linhas escritas. Ou que Viana da Mota sintetizou nessa bela sinfonia que é A Pátria. Conhece, por certo? Como dizia Teixeira de Pascoaes, e nunca me canso de o citar: “Neste momento Portugal é um mistério, é impossível a gente calcular o que virá a ser dele.” Honrar Camões é um sentimento de revolta republicana. Sabe que, em 1880, por ocasião das comemorações em louvor de Camões, o Diário de Notícias distribuiu gratuitamente exemplares de Os Lusíadas? Procurámos respostas no passado. Agora é tempo de voltarmos a acreditar no futuro de Portugal, não lhe parece?

O Governador, empolgado, parecia estar a fazer um discurso para uma imensa plateia. Amoroso respondeu apenas:

— Parece-me uma excelente ideia, senhor Governador.

Foram interrompidos pela chegada de duas mulheres. Rodrigo Rodrigues levantou-se e Amoroso fez o mesmo.

— Querida, já acabou?

Ela sorriu:

— Já sim, foi excelente.

— Quero apresentar-vos o tenente Félix Amoroso. Faz parte do departamento de informações de Macau. E esta é a minha mulher, dona Rita Margarida Rodrigues, e esta senhora é uma amiga, a dona Sofia Ramos Palha, esposa do senhor Palha, ilustre cidadão de Macau, de quem já deve ter ouvido falar.

Amoroso olhou para esta, que, em contrapartida, não afastou o seu olhar, percorrendo o corpo do tenente. Não teria mais de 30 anos. Menos cerca de 20 do que o seu marido. Tinha a pele clara e o cabelo e olhos castanhos. O nariz arrebitado e os olhos inquiridores denotavam alguém com uma curiosidade latente. O Governador disse:

— Temos de ir, não é verdade, querida?

Ela fez um gesto com a cabeça, em sinal de concordância. Sofia Palha seguiu-os. Mas não se coibiu de virar a cabeça e voltar a mirar o tenente Amoroso.

6.

Macau engana-nos, dizia Benedito Augusto com voz matreira. “Parece que o sexo está sempre visível. Mas isso não é verdade. Nem sempre o vemos. Sabemos que ele está por ali, em todo o lado, sempre à espreita”, acrescentou. Olhou para o tenente Félix Amoroso, tentando avaliar a reacção às suas palavras. Este parecia não notar que uma vaga parte destas afirmações também tinham a ver directamente com ele. Benedito sussurrou:

— Há algo maligno nestas ruas. Uma coisa estranha, uma escuridão onde se movem sombras. Almas perdidas que não se querem salvar.

Ele falava do sexo. Ao dizer isto, insinuava também que João Carlos da Silva morrera por causa dele. Por excesso. O tenente contornou o copo de cerveja com os dedos, antes de perguntar:

— Nunca sentes desejo, Benedito?

— Sou mais forte do que ele.

— Mas o sexo tenta-te...

— A vida é um conjunto infinito de tentações. Saber escolher as que concretizamos é a forma de mostrarmos a nossa vitória sobre elas.

Livro: "O Jogo das Escondidas"

Autor: Fernando Sobral

Editora: Quetzal

Data de Lançamento: 11 de maio

Preço: € 17,70

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Falando assim Benedito escondia o passado e, depois, esclarecia o presente:

— Sim, acho que o senhor Silva foi morto por causa do sexo. Não tem a ver com qualquer conspiração política que se desenvolve nas sombras desta cidade.

— Há uma conspiração?

— Que acha, tenente? É ingénuo? Sente-se no ar, entre os fortes aromas das comidas orientais e a conservadora cozinha portuguesa. A conspiração transpira, como os picantes mais fortes. Veremos o que acontece, mas alguém está à espera de ganhar, e muito, com o que se pode vir a passar.

Benedito Augusto e Félix Amoroso bebiam cerveja e comiam arroz com galinha numa taberna chinesa na Rua da Felicidade.

Antes, o tenente tinha estado a jogar fantan com marinheiros chineses, até que o padre chegou e o afastou do vício. Dissera-lhe:

— O vício causa-nos alucinações e, depois, conduz-nos ao abismo.

— Tenho outros vícios piores, Benedito.

— Eu sei. Conheço-os.

— Mais do que eu desejaria.

— Sabe, tenente, não é por mal. Faz parte de mim e do que faço. Saber é poder. Mas diga-me, jogar não lhe faz desenvolver um sentimento de culpa?

— Sentir-me-ia culpado se não jogasse. Meu caro Benedito, a vida é um jogo, todos o dizem. Um jogo viciado, com cartas marcadas, porque sabemos como acaba. Estes, pelo menos, são mais indecifráveis. Nunca sabemos se ganhamos ou perdemos. Mas sonhamos que é possível vencer. É só isso que importa.

Amoroso sorriu ao dizer estas palavras.

— Elucida-me, Benedito. Porque dizes que João Carlos da Silva morreu por causa do amor, ou do sexo?

— Há algo que me intriga, na morte dele. A quem interessa? Essa é a chave do mistério. Sabe, o alemão que se chama Maximilian Wolf esteve ontem à noite com Ding Ling.

— Esteve? Não sabia.

— Imagino que não. A sua querida amiga não lhe disse nada? Sabe como é, não é verdade? As mulheres têm sempre segredos. Não sei do que falaram, mas o que sei é que o senhor Silva e o alemão estiveram lá na noite em que ele foi assassinado. Discutiram. Um pirata que conheço viu-os. Não percebeu o que diziam. O alemão saiu e não voltou. E o Silva foi ter com Li Bei, a amiga de Ding Ling.

— Como sabes isso?

— Uma das raparigas de Ding Ling, Xiao Yi, contou ao pirata que me confidenciou o que se passou. Ele oferece-lhe muitas prendas, depois de cada assalto. Diz que, um dia, a levará para casarem. Ela acredita e vai-lhe contando coisas que ali acontecem. É uma fonte que não se esgota. Tudo se sabe nas noites de sexo, álcool e ópio em Macau.

— Só que tudo aponta para que o alemão possa ter assassinado o Silva. Talvez este estivesse a espiar o Governo, para saber mais coisas sobre o que pensam os portugueses ou o que sabem sobre essa ideia de Macau poder ser vendida aos alemães.

— E o alemão voltava dois dias depois à cena do crime, tenente?

— Sim. Para ir ter com Ding Ling é porque há uma conexão. Mas é sempre arriscado regressar ao local de um crime.

— Tenente, vá por mim. Silva tinha fome de sexo. Desde que a mulher o deixou, vivia sozinho. Ia ali, à casa dos prazeres da menina Ding. Mas seria só isso?

O tenente acariciou o queixo. Nada era claro. Mas agora precisava de saber mais junto de Ding Ling. E encontrar o alemão.

— A dúvida é a nossa vida, tenente. Nem sempre é fácil distinguir os verdadeiros sentimentos dos falsos. Porque tudo se compra e se vende num mundo em desordem moral onde todos estão dispostos a vender-se. Talvez até a sua amiga.

— Nem todos, padre.

— Acredita mesmo nisso, tenente? Pense em si.

Amoroso sentiu as palavras como um murro no estômago. Bebeu mais um gole de cerveja. Sentiu vontade de sair dali e entrar na Noite Tranquila para falar com Ding Ling. Confrontá-la com o que Benedito lhe dissera. Por momentos sentiu-se atraiçoado pela mulher que finalmente conseguira acalmar os seus ânimos. Com sexo e ópio, Ding Ling domara a sua fúria. Sentira-se amado. Agora parecia outra vez um náufrago. Benedito abanou a cabeça:

— Não é caso para tanto, meu caro tenente. Não é preciso manter uma relação conflituosa com a realidade. Quanto maiores são as nossas debilidades, mais vastos costumam ser os nossos planos. A menina Ding conhece os seus pontos fracos. Como é que se diz? O seu calcanhar de Aquiles. E você sabe que ela sabe. Por isso aumenta as expectativas. Não o faça.

Amoroso não respondeu. Os seus olhos concentravam toda a sua fúria, mas o corpo ia deixando de estar tenso. Estava a acalmar-se, o que era a melhor solução. Falaria com Ding Ling depois, quando a tempestade se concentrasse toda dentro de uma garrafa. E a pudesse atirar ao mar, para que fosse apenas aberta noutras latitudes. Foi buscar mais duas cervejas.

— Tsingtao, meu caro Benedito. Para não nos esquecermos do que é importante. Continuo a achar que esse alemão nos levará até ao assassino do secretário Silva.

— Pode ser que tenha razão, tenente. É uma questão de paciência.

Amoroso olhou para Benedito Augusto. Sentiu-se desconfortável. O padre leu-lhe o pensamento. Sabia que quanto mais um homem te conta, mais perigoso te tornas para ele. E quanto mais perigoso és, menos opções tens no futuro. Tinha que evitar que Amoroso pensasse que ele poderia ser seu inimigo.

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