A Sightsavers, instituição de caridade britânica que trabalha na prevenção da cegueira e na inserção social de cegos, foi distinguida pelo seu programa de tratamento do tracoma, uma doença inflamatória crónica causada por uma bactéria que afeta pálpebras e córnea e cuja disseminação está associada à falta de cuidados de higiene.

O projeto decorre em 29 países de África, América Latina e Caraíbas, onde a taxa de prevalência é maior. Moçambique tem membros da instituição no terreno, em particular na região norte, onde há mais casos de tracoma.

Para o diretor da Sightsavers em Moçambique, Izidine Hassane, o prémio "vem dar um novo fôlego" ao trabalho em curso.

"Significa bastante para nós. Sentimo-nos honrados por uma distinção da Fundação Champalimaud", afirmou à Lusa.

Depois de ter identificado as zonas no mundo com maior prevalência de tracoma, doença que leva à cegueira se não for tratada a tempo, a Sightsavers foi para o terreno.

Em colaboração com governos, unidades e profissionais de saúde dos países, a instituição encetou uma campanha de tratamento do tracoma e de prevenção da cegueira.

Conforme a gravidade dos casos, são administrados antibióticos (oferecidos por farmacêuticas) ou é feita uma cirurgia corretiva aos doentes.

O trabalho da Sightsavers não se esgota, porém, na terapêutica. Izidine Hassane esclareceu que o programa inclui intervenção nas comunidades em termos de "mudança de comportamentos", como ensinar a lavar bem a cara e a manter as casas e os quintais limpos.

Com os governos, a organização procura promover o saneamento básico e a água canalizada onde faltam.
Além disso, dá formação a técnicos para que possam identificar melhor as situações, contribuindo, nas palavras de Izidine Hassane, para "o fortalecimento do sistema nacional de saúde" dos países.

A avaliação, em Moçambique, da diminuição ou não da prevalência de tracoma, doença que não escolhe idades, será feita no final de 2017 ou em 2018, adiantou.

A Organização Mundial de Saúde definiu como meta a erradicação em 2020 do tracoma, uma das doenças tropicais negligenciadas.

A CBM é uma instituição cristã para o desenvolvimento que tem trabalhado na prevenção da cegueira e na promoção da qualidade de vida de deficientes nos países mais pobres.

Lançado pela Fundação Champalimaud em 2006, o Prémio António Champalimaud de Visão é considerado o maior do mundo na área. Em anos alternados, reconhece a investigação científica sobre doenças dos olhos e o trabalho de instituições na luta contra a cegueira, sobretudo em países subdesenvolvidos.

O júri integra cientistas e personalidades internacionais, como o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Prémio Nobel da Medicina Susumu Tonegawa, o ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors e o oftalmologista José Cunha-Vaz.

As duas instituições premiadas vão receber, cada uma, 500 mil euros.

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