Ana Gomes inaugurou hoje o ciclo de sessões públicas 'online' "Portugal é comigo, Portugal é connosco", com uma conversa com a mandatária nacional da candidatura e presidente da Fundação Mário Soares, Isabel Soares, transmitida através das redes sociais.
Durante a iniciativa, a candidata considerou que um dos "grandes desafios" atuais é passar a mensagem aos jovens de que a democracia está em constante construção e afirmou que se candidata também pelos seus netos, pois não aceita entregar às novas gerações "uma situação em que eles se sentem desinteressados da construção democrática".
A candidata, que conta com o apoio do PAN e do Livre, defendeu que o país é dos jovens "e eles têm de assumir a responsabilidade de serem cidadãos", lamentando que alguns dão "a democracia por adquirida e outros desvalorizam".
Por isso, frisou que quer "muito que esta candidatura mobilize os jovens".
"É aos jovens que quero chegar, e em particular às jovens", indicou, defendendo que o combate pelos direitos humanos passa também pelo combate pelos direitos das mulheres.
A militante socialista destacou a "diferença que uma mulher na Presidência pode fazer", desde logo "garantir que a paridade é cumprida".
"Eu acho que é fundamental ter uma mulher na Presidência da República", concordou a mandatária, filha do antigo Presidente da República e fundador do PS, Mário Soares, elogiando Ana Gomes por ser "frontal, corajosa e de esquerda".
Para Isabel Soares, Ana Gomes "é ouvida por toda a gente e é respeitada", e a sua candidatura "é de esperança", principalmente quando o país e o mundo atravessam "tempos altamente inquietantes".
Isabel Soares aproveitou para defender também que o PS deveria apoiar uma candidatura presidencial.
Outro dos temas abordados ao longo de quase 45 minutos de conversa foi a cultura e a crise que o setor atravessa na sequência da pandemia de covid-19.
"É um dos setores que me preocupa muito", disse Ana Gomes, realçando que foi "dramaticamente afetado pela pandemia", que "expôs uma situação de descuido, de desleixo que é de décadas".
A candidata a Belém defendeu que se for eleita irá pugnar por "estratégia nacional de projeção da cultura", e pelo reconhecimento do estatuto profissional para estes profissionais, "e com proteção social" .
Para Ana Gomes, a cultura "une os povos e reforça a identidades nacional" e tem um "grande valor económico", pelo que é preciso que o Governo assuma "que a cultura precisa de dinheiro, de investimento".
E criticou a parcela do Orçamento do Estado destinada à cultura, considerando mesmo que "é ridículo".
A antiga diplomata defendeu ainda a "valorização da carreira docente" e sublinhou que o facto de existirem "só 0,6% de professores com menos de 30 anos é assustador e tem de ser revertido rapidamente".
Ana Gomes disse ter sido criticada por, no debate com o atual Presidente da República ter falado numa "proximidade do professor Marcelo Rebelo de Sousa com Ricardo Salgado", mas argumentou que "isso é relevante".
A adversária acusou o chefe de Estado de "ter sido aparentemente um intermediário, por indicações do seu próximo Ricardo Salgado, para ir buscar financiamento a Angola para o jornal em que o professor Marcelo Rebelo de Sousa na altura escrevia", o Sol, o que de acordo com Ana Gomes ficou a saber-se através do processo Monte Branco.
A candidata observou que o dirigente do BESA [BES Angola] Álvaro Sobrinho tornou-se acionista da publicação, e afirmou que este foi um "exemplo que escapou à 'due diligence' elementar para controlo dos investimentos estrangeiros em Portugal".
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