Tudo parece indicar que Ferdinand Marcos Jr., filho do ditador Ferdinand Marcos (1965-1986), vai substituir na Presidência das Filipinas o polémico Rodrigo Duterte, com a última sondagem, divulgada na quinta-feira, a mostrar 57% das intenções de voto dos eleitores filipinos neste candidato.
Marcos, de 64 anos, manteve um perfil discreto durante a campanha eleitoral, sem participar em debates e com poucas entrevistas concedidas, nas quais pouco avançou nas propostas concretas para o país, além de promessas de unificação, criação de emprego e de investimentos em infraestruturas, em concordância com as políticas de Duterte.
Conhecido como “Bongbong”, o candidato favorito defende o regime do pai, a quem elogia o “génio político”, devido ao forte crescimento económico inicial e as despesas públicas sob a lei marcial, esquecendo a corrupção e a má gestão que levaram ao empobrecimento do arquipélago.
A popularidade de Ferdinand Marcos Jr. deve-se sobretudo a uma vasta campanha nas redes sociais, dirigida a um eleitorado jovem que não conheceu um regime marcado por violência e violações dos direitos humanos, sendo o “reinado” do antigo ditador apresentado como um período de paz e prosperidade.
Depois da morte do ditador, em 1989, no exílio no Havai, a família Marcos regressou ao país e, num notável renascimento, aproveitou alianças locais para conquistar uma série de cargos públicos eleitos, beneficiando das denúncias de corrupção lançadas contra os Governos que se seguiram aos anos de ditadura e da insatisfação criada pela repartição desigual da riqueza.
Assim, Marcos Jr. foi vice-governador, em duas ocasiões, da província de Ilocos Norte, tendo sido também eleito para a Câmara dos Representantes e para o Senado.
Em 2016, “Bongbong” perdeu a vice-presidência para Leni Robredo, de 57 anos, atual vice-presidente filipina e principal adversária na corrida presidencial.
Os opositores tentaram a desqualificação de Marcos Jr., denunciando uma condenação anterior por falta de declaração de rendimentos e, ao mesmo tempo, acusaram o candidato de ter mentido sobre os diplomas e de não ter pago cerca de quatro mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros) em imposto de sucessão.
Apesar de o considerar “fraco”, o Presidente cessante apoiou a candidatura de “Bongbong”, decisão que muitos observadores consideraram uma tentativa de Duterte, alvo de um inquérito internacional pela guerra mortífera contra a droga, de obter garantias de que não será julgado.
Sara Duterte, filha mais velha do chefe de Estado cessante, é apresentada como favorita para a vice-presidência, um escrutínio diferente e ao qual se apresentaram nove candidatos.
Única mulher a concorrer à Presidência filipina, Leni Robredo conseguiu, nas últimas semanas, aproximar-se de “Bongbong”, depois de uma intensa campanha porta a porta, contando, juntamente com o candidato à vice-presidência Kiko Pangilinan, com 23% das intenções de voto, de acordo com as últimas sondagens.
Antiga advogada e economista, a vice-presidente filipina criticou a campanha antidroga de Duterte e opôs-se ao projeto de restabelecer a pena de morte no país.
Num cargo que é essencialmente protocolar, com um reduzido orçamento, esta advogada, que defendeu agricultores desfavorecidos e mulheres vítimas de violência, aproveitou a função para ajudar os mais necessitados, vítimas de tufões e conseguir mais autonomia para as mulheres.
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