“Não lhe dou um beijo porque não posso, senão beijava-o e abraçava-o”, confessa a idosa, enquanto aguarda a chegada do candidato comunista, junto à porta de uma padaria da aldeia a poucos quilómetros de Serpa.

Ana Maria, que é militante do PCP, o seu partido de “toda a vida” porque “defende os trabalhadores”, conta orgulhosa que até tem em casa uma fotografia com o secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa.

A aldeia de Vale de Vargo, antiga freguesia do concelho de Serpa, no distrito de Beja, tem atualmente 968 habitantes, mas nas décadas de 1950 e 1960 tinha o dobro. Muitos jovens têm emigrado por falta de trabalho e os que restam são, na maioria, idosos.

“Já houve tempos muito melhores do que este agora. Há falta de trabalho e os jovens têm de emigrar, porque trabalho, aqui, só há na agricultura”, conta à Lusa Álvaro Palma, que em conjunto com a mulher tem a padaria Palma.

Numa terra onde a produção de azeite é a principal atividade, o casal tem uma pequena padaria que abre portas todos os dias às 06:30, mas que à noite abre, durante apenas uma hora, entre as 21:00 e as 22:00, “para as pessoas que entram muito cedo ao trabalho poderem comprar pão para o dia seguinte”.

Cerca das 21:00 chega o candidato comunista para uma visita à padaria: um dos objetivos assumidos nas ações de campanha de João Ferreira é estar ao lado dos que têm de continuar a trabalhar e não podem confinar.

Satisfeita com a chegada do seu “camarada”, Ana Maria diz-lhe que está ali “mesmo de coração”, ao que João Ferreira lhe responde estar honrado, deixando um apelo: “É o sétimo lugar no boletim. É o segundo a contar de baixo, veja lá não se engane”.

E perante a vontade de a idosa o abraçar, João Ferreira dá-lhe um conselho: “Fico muito reconhecido e com vontade de lhe dar um abraço também. Mas vá para dentro que está frio e não quero que fique doente”.

O candidato apoiado pelo PCP e PEV passou hoje o dia nos três distritos do Alentejo, tendo começado em Portalegre, seguindo depois para Évora e por fim para o distrito de Beja

Na quinta-feira segue em direção aos distritos de Aveiro e Porto, só descendo a Sul, para Lisboa, na sexta-feira.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

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