Estas posições foram transmitidas pelo atual ministro das Infraestruturas e antigo líder da JS na fase inicial da reunião da Comissão Nacional do PS, que se destina a aprovar a orientação política deste partido em relação às eleições presidenciais de janeiro próximo.

Tal como se esperava, Pedro Nuno Santos, da ala esquerda dos socialistas e apontado como potencial candidato à sucessão de António Costa na liderança do PS, demarcou-se do ponto de vista ideológico do atual Presidente da República e criticou a “centralidade” de Marcelo Rebelo de Sousa no plano político, considerando tratar-se de um fator de “instabilidade”.

Na sua intervenção, Pedro Nuno Santos confirmou que vai apoiar a candidatura presidencial da diplomata e ex-eurodeputada socialista Ana Gomes, mas, segundo fontes do PS, surpreendeu pela veemência das críticas que fez à direção do seu partido em matéria de gestão do tema das eleições presidenciais.

Entre outros motivos, Pedro Nuno Santos lamentou que apenas hoje, a pouco mais de dois meses das eleições presidenciais, o PS esteja formalmente a debater este tema.

O antigo líder da JS e da Federação de Aveiro do PS também se demarcou “dos considerandos” constantes na proposta que a direção do partido está a submeter à Comissão Nacional em matéria de presidenciais.

A reunião da Comissão Nacional do PS foi até ao momento também marcada pela recusa do presidente deste partido, Carlos César, de submeter a votos uma proposta do dirigente socialista Daniel Adrião no sentido de se promoverem eleições primárias para a escolha do candidato a apoiar nas eleições presidenciais.

Carlos César, de acordo com fontes socialistas, alegou que a proposta não tinha “enquadramento estatutário”, o que foi recusado por Daniel Adrião, citando, para o efeito, o ponto dois do artigo 68 dos estatutos do PS.

Na reação, Daniel Adrião citou uma declaração proferida por António Costa em 22 de junho de 2014, quando desafiou a liderança de António José Seguro.

“Não vai ser por razões estatutárias que não é devolvida a voz aos militantes e simpatizantes. Que o PS não esteja barricado com questões estatutárias que ninguém percebe no país”, declarou Daniel Adrião, citando o atual secretário-geral socialista.