“Estamos no meio de uma crise de saúde pública, não podemos acrescentar a isto uma crise política, mas o governo tem que ajudar também nessa matéria. Se temos dois ministros completamente desautorizados e que continuam em funções só por embirração de António Costa, então eu acho que é António Costa que tem que inverter o rumo, ter a humildade de perceber que não tem maioria absoluta e que tem que ceder”, disse André Ventura.
“Pelo que ouvi, o doutor Rui Rio também concorda com a saída da ministra da Justiça e poderemos ter uma situação muito desagradável: ser o Parlamento a fazer uma espécie de moção de censura ao Governo, especificamente à ministra da Justiça”, acrescentou o candidato do Chega às eleições presidenciais de 24 de janeiro, no final de uma ação de campanha eleitoral na cidade de Setúbal.
Segundo André Ventura - que não abordou a polémica em torno do ministro da Administração Interna devido à morte de um emigrante ucraniano sob custódia do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) -, o país ficou a saber na passada segunda-feira, pelo diretor geral de Política de Justiça, que “Portugal mentiu à União Europeia” com o objetivo de nomear um procurador indicado pelo Governo, em detrimento da procuradora que tinha ficado à frente do concurso para procurador europeu.
“Como é que vamos pedir à União Europeia que nos dê credibilidade daqui a uns anos, ou daqui a uns meses, a fazer este tipo de trapalhadas”, interrogou-se o líder do Chega, que também reiterou as críticas ao atual Presidente da República, alegando que Marcelo Rebelo de Sousa se mostra incomodado com esta situação, mas “faz muito pouco” por promover uma mudança.
Sobre a ação de campanha realizada hoje em Setúbal, André Ventura disse que “quis dar um sinal a um dos distritos mais importantes em termos de crescimento do Chega” e mostrou-se convicto de que também será no distrito de Setúbal que poderá ter mais votos nas eleições presidenciais.
André Ventura sublinhou também a importância dos produtos tradicionais, como o Moscatel de Setúbal, e lembrou as preocupações que ouviu na conversa com alguns pescadores da cidade do Sado.
“A regulamentação da pesca está desastrosa não só a nível da União Europeia como a nível de Portugal. Os pescadores são os mais prejudicados do negócio, em termos de margens de lucro, quando são os que mais trabalham”, disse, assegurando que o Chega irá apresentar propostas concretas para alterar o atual estado de coisas no setor das pescas.
“O moscatel, como se sabe, é também um dos símbolos de Setúbal. E para nós é importante preservar o que é português e o que é tradicional, e que tem permitido a tanta gente, mesmo nesta altura difícil, manter empregos, manter a atividade a funcionar, manter a estrutura familiar”, concluiu o líder do Chega.
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