À agência Lusa, o coordenador da Polícia Judiciária nos Açores, João Oliveira, confirmou a existência de "vários arguidos", entre os quais o líder do PSD/Açores e autarca do concelho micaelense, Alexandre Gaudêncio, acrescentando que estão desde manhã a ser feitas buscas domiciliárias, na Câmara Municipal da Ribeira Grande e noutras instalações municipais.
"Também estão a ser feitas buscas num conjunto de empresas que têm relações contratuais com a câmara", acrescentou o coordenador da PJ nos Açores.
Numa nota enviada hoje à imprensa, que antecedeu o contacto da agência Lusa com a PJ, é referido que "estão em curso, nos Açores e também numa empresa do continente, cerca de dez buscas a instalações autárquicas, empresas, residências e viaturas, com vista à apreensão de elementos com interesse probatório".
A polícia acrescenta que “foram já constituídos vários arguidos, entre os quais o presidente da edilidade, estando sobretudo em causa suspeita de reiterada violação de regras de contratação pública, de urbanismo e ordenamento do território, com presumíveis favorecimentos de empresários e entidades de direito privado, com prejuízos para o erário público".
A página de Internet da revista Sábado diz que está em causa um contrato com o artista brasileiro MC Kevinho para um concerto ocorrido em abril no município açoriano.
O concerto em causa provocou polémica na Ribeira Grande devido aos valores envolvidos: em abril, o Açoriano Oriental revelava que em causa estariam 123 mil euros entre 'cachet' e organização, aos quais se terão juntado a receita de bilheteira a favor do artista brasileiro.
A autarquia destacou então a divulgação e promoção da Ribeira Grande "a nível nacional e internacional" que a organização do concerto trouxe.
O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, chegou a referir-se ao contrato num debate parlamentar em maio.
Na altura, e respondendo a críticas do líder da bancada do PSD/Açores na Assembleia Legislativa Regional, declarou: "O senhor deputado Luís Maurício sabe o que é que os açorianos dizem, quando num concelho que tem uma das maiores taxas de pobreza, uma câmara municipal paga 200 mil euros por um concerto de um artista brasileiro?".
Os vereadores do PS na autarquia da ilha de São Miguel haviam também dado a indicação de que iriam "solicitar a intervenção das entidades competentes" sobre o contrato firmado com MC Kevinho.
A agência Lusa tentou obter um comentário de Alexandre Gaudêncio, mas até ao momento tal não foi possível.
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