"Há um problema que extravasa o âmbito da instituição e se transforma num problema de proteção civil. Não posso deixar de estar preocupada. Já falei com as entidades responsáveis da associação e espero que se chegue a um entendimento", partilhou a autarca.
A presidente da Câmara de Vila do Conde reconheceu que há um "diferendo entre as partes", confessando que já falou, em separado, com os elementos da direção e do comando na tentativa de conseguir consensos.
"Não posso fazer mais do que apelar ao bom senso e ao consenso. Acho que nesta não me devo imiscuir e ser juiz em algo que é do âmbito de uma instituição", apontou Elisa Ferraz, mostrando-se disponível para mediar um diálogo entre a direção e o corpo de efetivos.
A autarca revelou que, para já, não está em causa o apoio financeiro dado pela Câmara Municipal à corporação vila-condense, que recebe um dos maiores subsídios camarários do concelho.
"Quando mais de 60 efetivos dizem ter pedido a passagem à reserva claro que me preocupa. É preciso que a prestação do socorro nunca seja posta em casa", apontou a presidente da Câmara de Vila do Conde.
Esse ponto parece não estar a ser descurado pelos bombeiros vila-condenses, com Carlos Gomes, adjunto do comandado, a garantir que a qualidade do serviços prestado à população não está posto em causa
"Deixo o sossego à população, não vamos deixar que o socorro seja comprometido", disse o elemento, completando: "os que foram coagidos a assinar uma passagem ao quadro de reserva vão repensar e verificar onde se encontra a verdade".
Entretanto, a Associação Nacional de Bombeiros e Agentes de Proteção Civil repudiou o comunicado da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Vila do Conde, considerando que contém expressões "manifestamente indecorosas".
"Por aqui se denota, claramente, a falta de respeito que a mesma direção nutre pelos bombeiros, o que vem provar que, afinal, os Bombeiros de Vila do Conde têm, de facto, motivos para se sentirem indignados e reiterarem o expresso desejo que a direção se demita", pode ler-se no comunicado enviado pela associação.
Mais de 50 voluntários dos Bombeiros de Vila do Conde terão pedido a passagem ao quadro de reserva devido a um alegado "clima de hostilidade" promovido pela direção, considerando que a prestação de socorro está assim "posta em causa".
Em declarações à Lusa, o associado e bombeiro da corporação de Voluntários Vila do Conde José Eduardo Pedrosa afirmou, domingo, que o pedido de passagem ao quadro de reserva de mais de meia centena de bombeiros, que assim "deixam de prestar socorro", "aconteceu na sexta-feira".
A decisão "tem a ver com o clima de crispação que tem existido" na corporação e que "vem desde que os atuais órgãos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila do Conde tomaram posse.
A Direção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Vila do Conde garantiu, por seu turno, que não recebeu " sequer um requerimento" de voluntários da corporação a pedirem a passagem ao quadro de reserva.
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