“O hospital está a funcionar, os profissionais da saúde estão cá, está-se a prestar o melhor serviço - aquilo que é tradicional neste hospital -, um serviço de grande qualidade, mas existem aqui dificuldades”, disse André Martins aos jornalistas após reunir com o Conselho de Administração e com o diretor clínico do CHS.

“É por isso que todos estamos empenhados em que, quem tem responsabilidades [Governo] as possa assumir e resolver estes problemas”, acrescentou o autarca setubalense, salientando que a resolução desses problemas passa pelo cumprimento de algumas promessas que têm sido sucessivamente adiadas.

A “ampliação do Hospital de São Bernardo”, principal unidade de saúde do CHS, “e a criação de condições para que os serviços tenham os profissionais necessários”, foram duas prioridades enunciadas pelo recém-eleito presidente da Câmara de Setúbal.

Confrontado com a notícia avançada pelo Ministério da Saúde, de que o Hospital de São Bernardo vai receber mais dez médicos, André Martins considera que não serão suficientes.

“O que nos é dito é que isso não é suficiente porque ao longo de anos deixou de se investir nos profissionais que foram aqui formados e que, quando chegam ao final da formação, saem do hospital. Não havendo a garantia da continuidade desses médicos que são aqui formados, e havendo outros que vão chegando ao limite de idade, começa a haver dificuldades de garantia da continuidade destes profissionais e do nível que nós temos tido até aqui na prestação dos serviços de saúde”, disse André Martins.

O presidente da Câmara de Setúbal reafirmou também a necessidade de uma reclassificação do Hospital de São Bernardo, que permitiria um aumento significativo da receita do hospital.

A reclassificação do CHS para um nível superior é também uma reivindicação de alguns médicos contactados pela Lusa, que não só consideram tratar-se de uma alteração justa face aos serviços prestados, como consideram ser um passo fundamental para se criarem condições para promover uma maior atratividade e assegurar a fixação de jovens médicos no CHS.

Tal como o presidente da Câmara de Setúbal, o diretor clínico do CHS, Nuno Fachada, também procurou transmitir uma mensagem de confiança à população de Setúbal, assegurando que o pedido de demissão de 87 médicos foi um “grito de alerta”, mas que todos eles continuam a trabalhar normalmente.

“Os médicos vão manter-se com as condições que têm, mas empenhados em continuar o seu trabalho de assistência e de responsabilidade. Cabe aos médicos serem verdadeiros perante os doentes. E nós temos, do ponto de vista deontológico e ético, um juramento que nos obriga a fazê-lo. Não podemos ignorar ou mentir sobre a situação, que é grave. E, portanto, nós alertámos”, sublinhou o diretor clínico demissionário do CHS.

Questionado pela agência Lusa, Nuno Fachada não quis dizer quantos médicos considerava necessários neste momento para assegurarem o bom funcionamento do hospital de São Bernardo, mas reconheceu que a contratação de dez novos clínicos anunciada pelo Ministério da Saúde é insuficiente.

Segundo Nuno Fachada, o CHS tem atualmente 267 médicos especialistas no quadro, 135 internos da especialidade, 32 internos do 1º ano (ano comum), 104 tarefeiros individuais e um sem número de prestadores, através de empresas de contratação de médicos.

Na quarta-feira da semana passada, um grupo representativo dos 87 diretores e coordenadores de serviços do Hospital de São Bernardo pediram a demissão, afirmou, em conferência de imprensa realizada na delegação de Setúbal da Ordem dos Médicos.