O Ministério Público da Colômbia informou esta terça-feira, 7 de fevereiro, que parte do pagamento feito pela construtora brasileira a um ex-senador colombiano “teria sido” destinado à campanha de reeleição do presidente Juan Manuel Santos, em 2014.

O ex-congressista Otto Bula, acusado de favorecer a Odebrecht na adjudicação de obras públicas, "realizou durante o ano de 2014 duas remessas [pagamentos] para a Colômbia (...) na soma total de um milhão de dólares, cujo beneficiário final terá sido a gerência da campanha 'Santos Presidente - 2014'", informou o procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, em conferência de imprensa, citado pela AFP.

Segundo a acusação, o ex-congressista foi contratado pela empresa brasileira com o objetivo de facilitar a adjudicação da obra Rola do Sol, um trecho rodoviário de mais de 500 km, que liga o centro do país ao Caribe, e cuja execução começou no mandato de Álvaro Uribe (2002-2010). O Ministério Público acusa o ex-senador de ter obtido uma "comissão de êxito" de 4,6 milhões de dólares por beneficiar a sucursal colombiana da Odebrecht.

Do milhão de dólares que supostamente foi enviado para a campanha de Santos, eleito em 2010 para um mandato de quatro anos e reeleito em 2014, "terá sido descontada uma comissão de 10% a favor de terceiros, já identificados pelo Ministério Público", acrescentou Martínez.

O Conselho Nacional Eleitoral também já foi contactado pelas autoridades, de forma a iniciar diligências no seu âmbito de atuação.

A Justiça informou ainda que está a investigar a candidatura de Óscar Iván Zuluaga, que concorreu às presidenciais de 2014 pelo partido Centro Democrático de Álvaro Uribe, tendo sido derrotado por Santos, também por um alegado financiamento ilegal da Odebrecht.

Segundo a CNN, é expectável que Santos se pronuncie sobre o caso esta quarta-feira à noite. O secretário da Transparência da Presidência, Camilo Enciso, assegurou numa declaração que as acusações estão incorretas e que a campanha de Santos “tinha ordem clara e perentória para não receber nenhuma doação e nenhuma pessoa natural ou jurídica para financiar a campanha”. Enciso acrescentou que a presidência pede às autoridades competentes que avancem com as investigações necessárias “para que seja estabelecida a verdade nesta nova acusação temerária. Temos a certeza que estas investigações revelarão, uma vez mais, a falsidade destas acusações”.