“Eu quero fazer um apelo à calma, diálogo, paz, justiça e respeito pelas leis”, afirmou Maduro, atualmente de visita oficial ao Azerbaijão, numa entrevista à televisão estatal.
O CNE adiou na sexta-feira “até nova ordem judicial” as recolhas de assinaturas para a realização do referendo para revogar o mandato presidencial pedido pela oposição, previstas para 26, 27 e 28 de outubro.
O adiamento teve lugar horas depois de vários tribunais anularem as assinaturas recolhidas na fase anterior do processo, correspondentes a 01% dos eleitores.
Maduro também endereçou uma mensagem à oposição, que contesta a decisão do CNE, dizendo-lhes para manterem a sua “sanidade”: “Não deixem que voltem ao tempo da loucura (…). Apelo à sanidade, equilíbrio e diálogo, pelo diálogo no país”, disse.
Em conferência de imprensa, na sexta-feira, o líder da Mesa da Unidade Democrática (MUD, aliança da oposição, centro-direita), Jesus Torrealba, afirmou que o Governo estava a tentar incitar à violência.
“Não podemos cair numa resposta violência porque isso é o que eles querem. Mas também não podemos aceitar docemente o que está a acontecer”, realçou.
E, nesse sentido, a MUD convocou um protesto para a próxima quarta-feira, denominado a “tomada da Venezuela”, apelando aos venezuelanos para se manifestarem em todo o país contra o que descreve como um “golpe de Estado” perpetrado pelo Governo.
“Houve um golpe de Estado na Venezuela — não podemos chamá-lo de outra coisa. É chegada a hora de defender a Constituição da República bolivariana da Venezuela”, disse, por seu lado, Henrique Capriles, na mesma conferência de imprensa de dirigentes da MUD.
“Esse dia vai ser o início de uma mobilização em todo o país, já tínhamos alertado. Na quarta-feira, vamos tomar a Venezuela, espero ver o povo mobilizado para restituir o fio constitucional”, afirmou, indicando que, no domingo, a oposição vai organizar uma “sessão extraordinária da Assembleia Nacional, em que decisões importantes serão tomadas”.
Também na sexta-feira, dirigentes da MUD denunciaram terem sido proibidos de sair do país, por um tribunal.
O ex-candidato presidencial Henrique Capriles, que foi um dos visados, divulgou, através do Twitter, uma cópia da notificação.
Segundo o documento, além de Henrique Capriles, que também é governador do estado de Miranda, foram proibidos de sair do país Jesus Torrealba (secretário da MUD), Ramón José Medina, José Cartaya, Óscar Barreto, Ricardo Sucre, Luís Aparício e Arnoldo Gabaldon.
Para tentar uma mediação para a crise política, o antigo primeiro-ministro espanhol José Luis Rodriguez Zapatero reunir-se-á durante o fim de semana, separadamente, com representantes do Governo e da oposição, segundo o vice-presidente venezuelano, Aristobulo Isturiz.
A oposição venezuelana quer realizar um referendo revogatório do mandato presidencial ainda este ano e tem acusado o CNE de atrasar propositadamente a calendarização das diferentes etapas do processo, para protelar a saída de Nicolás Maduro do poder.
Se o referendo se realizar até 10 de janeiro de 2017, deverão ser convocadas novas eleições presidenciais, segundo a legislação venezuelana. Depois dessa data, será o vice-presidente em funções a substituir Maduro até ao final da legislatura.
A 28 de setembro, o CNE afastou, contudo, a possibilidade de o referendo se realizar antes de meados do primeiro trimestre do próximo ano.
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