Falando na conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2021 do banco, Escotet acrescentou, contudo: “Até onde sei, é um processo competitivo e há vários participantes. Que eu saiba, não somos os únicos interessados, mas não temos novidades sobre esse processo neste momento”.

O Jornal Económico noticiou em 14 de janeiro que o Abanca estaria “em negociações exclusivas para comprar a totalidade” do capital do EuroBic, banco em que Isabel dos Santos colocou a sua participação à venda, na sequência do caso Luanda Leaks.

O negócio esteve já muito perto de se concretizar em 2020, com o Abanca a chegar, em fevereiro desse ano, a um pré-acordo para comprar 95% do capital do EuroBic, mas o banco galego acabou por desistir do negócio, por considerar que “as condições acordadas […] não foram cumpridas”.

Num comunicado divulgado em junho de 2020, o Abanca afirmou que, “apesar de ter dedicado esforços e recursos significativos à aquisição de 95% do banco português EuroBic, foi forçado hoje [16 de junho] a desistir da operação, uma vez que as condições acordadas para o referido objetivo não foram cumpridas”.

Na mesma nota, o banco espanhol referia que “o acordo tinha sido comunicado em 10 de fevereiro de 2020 e tinha sido indicado, como habitual neste tipo de operações, que estava sujeito a determinadas condições”, acrescentando que continuaria “a analisar potenciais operações de aquisição que fomentem sinergias ao seu projeto em Portugal”.

Na conferência de imprensa de hoje, o presidente do Abanca garantiu que o banco continua atento a oportunidades de aquisições em Portugal, que já representa 10% do resultado do grupo e onde o crescimento “ultrapassou as previsões”.

“Portugal para nós tem uma importância relevante. É um mercado que tem vindo a crescer bem, tem um sistema bancário muito saneado e com taxas de crescimento interessantes, muito em sintonia com o que aconteceu a nível macroeconómico”, afirmou Escotet.

Notando que “os indicadores de crescimento de Portugal são bastante parecidos com os de Espanha e, em 2022, muito provavelmente as taxas de crescimento deverão ser quase idênticas, num intervalo entre 5,5% a 5,7%”, o presidente do banco galego disse ser, por isso, “necessário continuar a analisar todas as oportunidades que surjam no mercado” português: “Não deixaremos de ver absolutamente nada”, garantiu.

Juan Carlos Escotet explicou que a estratégia de crescimento do Abanca “é uma combinação de crescimento orgânico e crescimento inorgânico”, tendo o banco já feito seis integrações ao longo dos últimos anos e continuando “aberto e muito atento ao que está a acontecer no mercado”.

“Continuamos a apostar na estratégia de crescimento inorgânico, sempre que seja complementar à estratégia e na zona onde queremos crescer, que é, basicamente, a Península Ibérica”, reiterou.

E, sustentou, “se as taxas de crescimento do Abanca foram boas em 2021, as de Portugal foram melhores e consideravelmente superiores”, cerca de “40% acima” da taxa de crescimento do grupo, o que “ratifica, obviamente, o interesse em Portugal”.

Segundo adiantou à agência Lusa fonte oficial do banco galego, o Abanca conta atualmente com 35 agências em Portugal: Seis Centros de Investimento (em Lisboa – Castilho e Amoreiras, Porto, Braga, Funchal e Ponta Delgada), 24 Agências de Promotores, dois Centros de ‘Private Banking’ (em Lisboa e no Porto) e três Centros de Empresa (em Lisboa, Porto e Braga).

Em 2021, o número de trabalhadores no país (que não especificou) “manteve-se inalterado” em relação a 2020, tendo sido inaugurado um Centro de Investimento de Ponta Delgada e uma Agência de Promotor na Póvoa do Varzim.

O lucro do Abanca mais do que duplicou em 2021, para 323,3 milhões de euros, face aos 160 milhões de 2020, num exercício “marcado pela melhoria da rentabilidade”, que foi de 7,8%, anunciou hoje o banco galego.

Portugal é destacado como “uma peça-chave para o Abanca”, que se assume como uma “instituição de vocação ibérica”, e registou também “uma evolução positiva” em 2021, ultrapassando mesmo “as previsões estabelecidas para o ano”: As formalizações de crédito à habitação foram 58% superiores ao objetivo e as captações de recursos fora do balanço ficaram 26% acima do esperado.