Após uma reunião, Shahabuddin “decidiu por unanimidade libertar imediatamente a presidente do Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), Begum Khaleda Zia”, e “todos os detidos durante os protestos estudantis”, de acordo com uma nota da presidência.

Khaleda Zia, 78 anos, está com a saúde debilitada e hospitalizada desde que foi condenada a 17 anos de prisão por corrupção, em 2018.

Na reunião foi determinado “formar imediatamente um governo interino”, divulgou ainda a presidência do Bangladesh, país que regista semanas de violência nas ruas, marcadas por centenas de mortos.

Além de Shahabuddin, esteve na reunião o chefe do Exército, o general Waker-Uz-Zaman, chefes da Marinha e da Força Aérea e líderes de vários partidos da oposição, incluindo o BNP e o Jamaat-e-Islami.

O Exército anunciou ainda, em comunicado, o levantamento do recolher obrigatório e a reabertura de “escritórios, fábricas, escolas, universidades” e empresas a partir das 06:00 (01:00 em Lisboa) de terça-feira.

A primeira-ministra, Sheikh Hasina, tem sido contestada desde julho, através de grandes manifestações que exigiam o fim de um sistema de quotas para contratações no setor público e acabaram por exigir a sua saída do poder.

No poder há cerca de quinze anos, fugiu hoje do Bangladesh, pouco antes de os manifestantes invadirem e saquearem a sua residência na capital, Daca, um dia depois dos confrontos que fizeram quase 300 mortos no país.

Milhares de pessoas reuniram-se hoje em frente à residência oficial da primeira-ministra em Daca. Depois de a notícia da sua partida se ter tornado pública, muitas delas invadiram o edifício, de acordo com as imagens divulgadas pelos canais de televisão bengalis.

O Canal 24 do Bangladesh mostrou imagens de dezenas de pessoas na residência oficial, Ganabhaban, a transportar mobiliário, frigoríficos e até loiça, num clima de vitória.

Muitos deles pararam para acenar às câmaras de televisão, de braços erguidos, após meses de protestos.

Novos episódios de violência causaram hoje pelo menos 56 mortos, de acordo com a agência France-Presse (AFP) que cita fontes do Hospital Universitário de Dhaka, que reportou 44 mortos, e da polícia, que registou outras 11 mortes na capital e outra na cidade portuária de Chittagong.