“O Presidente do Faso […] atendendo à carta de demissão […] de 08 de dezembro de 2021 decreta: O fim das funções do primeiro-ministro Christophe Marie Joseph Dabiré”, declarou na televisão pública o secretário-geral do Governo, Stéphane Wenceslas Sanou, ao revelar o decreto presidencial.

Esta demissão do primeiro-ministro implica a demissão automática do conjunto do Governo, de acordo com a legislação em vigor no país africano.

Na chefia do Executivo desde janeiro de 2019, Christophe Dabiré, antigo comissário responsável pelo comércio, concorrência e cooperação da União económica e monetária da África ocidental (Uemoa), foi reconduzido em janeiro de 2021, após a reeleição de Kaboré para o seu segundo e último mandato.

Em 26 de novembro, na véspera de uma manifestação para denunciar “a incapacidade” das autoridades em enfrentarem as violências ‘jihadistas’ que, desde 2015, provocaram cerca de 2.000 mortos e 1,4 milhões de deslocados, o Presidente Kaboré anunciou novas medidas, ao sublinhar “a necessidade de constituir, no plano governamental, uma equipa necessária mais coesa”.

O Presidente do Burkina Faso também anunciou para breve o início de uma “operação ‘mãos limpas’ para concluir todos os dossiês pendentes de corrupção e esclarecer todos os casos que contaminam o quotidiano da população”.

O Burkina Faso enfrenta desde 2015 uma espiral de violências atribuídas a grupos armados ‘jihadistas’, com ligações à Al-Qaida e ao Estado Islâmico.

Os ataques, dirigidos contra civis e militares, têm aumentado e concentram-se sobretudo no norte e leste do país, junto às fronteiras com o Mali e Níger.

O ataque jihadista de 14 de novembro a um destacamento da polícia em Inata (norte) foi um dos mais mortíferos contra as forças de segurança, com um balanço de pelo menos 57 mortos, incluindo 53 polícias.