Falecido na terça-feira, Nye ocupou vários cargos de primeira linha, em particular no Departamento de Defesa, durante a presidência de Bill Clinton, e presidiu à Kennedy School of Governement, de Harvard, de 1995 a 2004.

Autor de 14 livros e incontáveis artigos, avançou na década de 1980 com o conceito de ‘soft power’, com o que se referia a uma diplomacia de influência ou de atração, em oposição a uma política de coerção.

“O ‘soft power’, isto é, levar os outros a quererem os resultados que desejamos, permite cooptar as pessoas mais do que contrariá-las”, escreveu na obra publicada em 2004 sobre o assunto.

Questionado recentemente pela AFP, Joseph Nye fez uma avaliação severa de Donald Trump, que desde que regressou à Casa Branca empenhou-se em destruir o ‘soft power’ dos EUA, por exemplo, com as taxas alfandegárias ou o desmantelamento da agência para o desenvolvimento internacional (USAID, na sigla em Inglês).

“Trump não percebe o poder. Só pensa em termos de coerção e ganhos”, escreveu em mensagem eletrónica enviada à AFP, em fevereiro.

Ora, contrapôs, “o sucesso (dos EUA) durante as últimas oito décadas foi também baseado na atratividade”.

Recordando a guerra no Vietname e a impopularidade dos EUA nesses anos, disse que “o ‘soft power'(norte-)americano conheceu ciclos”.

Agora, antecipou que “os EUA vão recuperar provavelmente depois de Trump, mas ele danificou a confiança no país”.