Numa cerimónia que arrancou por volta das 09:00 no Forte São Julião da Barra, em Oeiras, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, recebeu a Presidente do Kosovo, Vjosa Osmani, tendo-lhe manifestado o “grande prazer” que tinha em acolher a chefe de Estado de um país em que Portugal contribuiu para a construção da “paz e da estabilidade”.

Pouco depois de se ter reunido com o ministro da Defesa durante cerca de 30 minutos, Vjosa Osmani condecorou, em representação das Forças Armadas portuguesas, o chefe de Estado-Maior-General, o almirante António Silva Ribeiro, com a Medalha Militar de Serviço no Kosovo, a maior condecoração militar outorgada pela chefe de Estado do país.

Perante representantes dos três ramos do exército das Forças Armadas que estiveram presentes no Kosovo, Osmani recordou os 20 anos de presença militar portuguesa no país, salientando que, em 1999, Portugal esteve do “lado certo da história” ao defender a “justiça e a liberdade enquanto direitos universais” e levantando-se em nome da “proteção de um povo”.

“Numa altura em que não havia nenhuma linha clara de divisão entre a vida e a morte, além de nos ajudarem a conquistar a liberdade com que sempre sonhámos, vocês também se tornaram o nosso abrigo (…) O vosso país abriu-nos a porta e o coração. Estamos eternamente agradecidos”, salientou.

Segundo a Presidente kosovar, os 6.873 militares portugueses presentes no país deixaram “memórias excelentes para cada cidadão” do Kosovo, devido à “dignidade, orgulho e profissionalismo” que manifestaram durante as sucessivas operações.

Recordando a morte do primeiro-cabo José Bernardino, o único militar português que faleceu no Kosovo, a chefe de Estado anunciou que, em sua honra e em “honra de todos os soldados que serviram” no país, iniciou procedimentos para “construir um memorial para relembrar todas as suas vidas e ações”.

“Serão eternamente recordados e servirão eternamente como vínculo entre os nossos dois países e povos”, indicou.

No mesmo sentido, João Gomes Cravinho indicou que o vínculo criado entre Portugal e o Kosovo surgiu, “em primeiro lugar”, através da presença das Forças Armadas portuguesas no país, mantendo-se “profundo” e “muito presente nas experiências e nas memórias de todos aqueles que serviram no Kosovo”.

“São elementos essenciais para o futuro: deram-nos muito no passado e agora a nossa tarefa é criar as condições para que, no futuro, as nossas Forças Armadas, os nossos povos, possam beneficiar de possibilidades de maior cooperação, e possam trabalhar em conjunto para a paz e estabilidade não só na região – os Balcãs Ocidentais – como também no mundo mais vasto”, indicou.

O ministro da Defesa apelou assim a que Portugal e o Kosovo mantenham a cooperação para trabalhar em conjunto na “visão comum de como as relações internacionais devem funcionar”, com a Presidente do Kosovo a afirmar que as Forças Armadas do seu país precisam “novamente da ajuda” de Portugal, “desta vez não para salvar vidas, mas para construir parcerias”.

Nesse sentido, Osmani disse estar “expectante pelo dia” em que o Kosovo possa aderir à NATO, salientando que esse objetivo está no “interesse estratégico” do país.

“Construímos um exército que é capaz de, não apenas defender o Kosovo, mas também de defender paz em todo o mundo. Conseguimos isso porque tivemos amigos como Portugal ao nosso lado”, indicou.

No final da cerimónia, que decorreu na Sala das Ordens do Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, os dois responsáveis trocaram presentes, com João Gomes Cravinho a oferecer um astrolábio e uma estrela com cartas náuticas, e Osmani a retribuir com um mapa do Kosovo em “símbolo da amizade entre os dois povos”.

No total, entre 1999 e 2019, 6.873 militares portugueses foram destacados no âmbito da missão de apoio à paz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), intitulada Kosovo Force (KFOR), e que “visava suspender as hostilidades e as ameaças contra o Kosovo por parte de forças jugoslavas e sérvias”.

Segundo o Ministério da Defesa, o mandato da KFOR visava também “estabelecer um ambiente seguro, garantir a ordem pública e coordenar e apoiar a presença civil internacional no país".

Na cerimónia de hoje, além do ministro da Defesa e do chefe de Estado-Maior-General, marcaram também presença os chefes dos três ramos das Forças Armadas.

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