Presente em Londres num evento de promoção do investimento estrangeiro no país africano, Museveni evitou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia, como fez a maioria da comunidade internacional ocidental, invocando as relações históricas.

“Os russos são muito nossos amigos (…) Os russos ajudaram-nos desde 1917, quando os comunistas subiram ao poder. Naquela altura, África estava colonizada, não pelos russos ou por chineses, mas por outros países e nós sabemos quem são”, argumentou.

Em resposta à pergunta da agência Lusa, falou algumas palavras em português e recordou o tempo em que combateu pela independência de Moçambique, nos anos 1960, durante a ditadura de Salazar e Marcelo Caetano.

A Frente pela Salvação Nacional do Uganda (Fronasa) fundada por Musenevi em 1973 foi treinada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

O Presidente ugandês referiu também a independência de Angola em 1975 e de outros países africanos, e enfatizou: “Quando estávamos a lutar, os chineses apoiaram-nos, os russos apoiaram-nos”.

O Uganda foi um dos países 16 países africanos que se abstiveram de votar numa resolução da Assembleia-Geral da ONU em março que condenava a Rússia pela invasão da Ucrânia e exigia a retirada imediata das tropas russas.

Em outubro, foi anunciado que Kampala iria herdar em 2023 a presidência do Azerbaijão do Movimento dos Não Alinhados, grupo de países em desenvolvimento que se declararam neutros durante a Guerra Fria entre o Ocidente e o extinto bloco comunista.

Fundado oficialmente em 1961 por 25 membros, atualmente reúne cerca de 120 países, incluindo Índia, Indonésia, Vietname, Irão, Nigéria ou África do Sul, mas também os lusófonos Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Timor-Leste e Guiné Equatorial.

“É um movimento poderoso (…) Nós queremos colaboração com todos no mundo”, afirmou hoje o Presidente ugandês, sem adiantar quando será a primeira reunião de líderes.

“Eu não quero falar por eles. Mas a posição dos fundadores do movimento (…) era evitar a polarização do mundo porque nessa altura estava dividido entre este-oeste”, vincou o chefe de Estado.

Ao aceitar a presidência do Movimento, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Uganda, Jeje Odongo, comprometeu-se a respeitar as “normas de direito internacional universalmente aceites” e a “preservar e promover a paz e a segurança, o Estado de direito, o desenvolvimento económico, o progresso social e os direitos humanos para todos”.

Yoweri Museveni, de 78 anos e há 36 no poder, foi reeleito em janeiro de 2021 para um sexto mandato, apesar das críticas de organizações de defesa dos direitos humanos pela repressão de opositores, jornalistas e militantes políticos durante a campanha.

Apesar do uso excessivo da força e da violação dos direitos humanos denunciados por várias organizações, o regime do Presidente Museveni continua a ser um dos principais parceiros militares e económicos do ocidente.

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