"As relações entre Portugal e Brasil são uma constante da nossa política. Nem vale a pena dizer externa, porque é externa e interna. Não há domínio nenhum da política interna de Portugal ou do Brasil em que não haja cooperação", afirmou este domingo Marcelo Rebelo de Sousa, numa receção à comunidade portuguesa na residência oficial do embaixador português em Brasília, onde se encontra para participar, a partir de hoje, na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O chefe de Estado português destacou que "em todos os domínios, há não apenas intercâmbio, é uma cooperação frutuosíssima, com fases mais intensas ou menos intensas, mas que é uma constante da política portuguesa".

"O que nos une é mais importante do que aquilo que nos separa. E essa é uma força essencial", destacou.

Dirigindo-se aos representantes da comunidade portuguesa, o Presidente afirmou que "mais importante é o papel dos portugueses que aqui estão e dos brasileiros que convivem com os portugueses, que gostam de Portugal, que muitos têm parentes e origens em Portugal, vão a Portugal, começam ou terminam as visitas na Europa por Portugal", rematando: "Isso é uma riqueza única".

Marcelo Rebelo de Sousa destacou a presença, na receção, do secretário-geral eleito das Nações Unidas, António Guterres, sublinhando que a sua eleição, no início de outubro, "é uma grande alegria para todos", em particular por ter ocorrido no âmbito de um "processo transparente".

O Presidente apontou que, para a eleição de Guterres, contribuíram o "mérito excecional do candidato", além de "uma competência também excecional da diplomacia portuguesa, conduzida pelo senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, sob orientação ou permanente acompanhamento do senhor primeiro-ministro", pedindo um aplauso para Augusto Santos Silva.

O chefe da diplomacia portuguesa pediu então a palavra e o Presidente comentou que "isso não está previsto no protocolo", ao que o ministro retorquiu: "A verdade prevalece sobre o protocolo".

Santos Silva pediu também um aplauso para o Presidente da República, destacando que a sua colaboração e "a forma como interveio neste processo foi absolutamente determinante".

"Outra das claras vantagens da candidatura do senhor engenheiro António Guterres sobre outras candidaturas foi a unidade nacional que desde o início se formou, quer pelo então Presidente Cavaco Silva, quer pelo novo Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, todos os partidos políticos representados no parlamento, todos os parceiros sociais. Essa unidade do país fez com que os nossos diplomatas pudessem ter uma linha clara", salientou.

A XI conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP decorre hoje à tarde e na terça-feira de manhã em Brasília, seguindo-se a XII cimeira luso-brasileira, entre o Presidente brasileiro, Michel Temer, e o primeiro-ministro português, António Costa.