“Não houve qualquer chantagem” deste tipo, assegurou Volodomyr Zelensky, durante uma conferência de imprensa, em referência a um telefonema do Presidente norte-americano, que acabou por gerar nos Estados Unidos um processo de destituição de Trump, iniciado pelos democratas.
“[O programa de ajuda militar à Ucrânia] foi bloqueado antes mesmo da nossa conversa e nós não conversámos sobre isso. Eu nem sabia nada sobre isso", disse Zelensky.
De acordo com Zelensky, um ex-comediante eleito Presidente em abril, a sua conversa por telefone com Donald Trump "não teve nada a ver com armas ou com a Burisma", empresa ucraniana na qual trabalhou o filho do ex-vice-Presidente Joe Biden, Hunter.
Joe Biden é um forte candidato à nomeação do Partido Democrata para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, um forte concorrente para Trump, que quer a reeleição.
"Eu queria trazê-lo (Trump) à Ucrânia", disse Zelensky, referindo que o objetivo era desfazer a ideia dos Estados Unidos sobre a Ucrânia ser um país corrupto e pouco confiável.
Zelensky disse que manteve "várias" conversas telefónicas com Trump, mas irritou-se com perguntas repetidas dos jornalistas sobre o relacionamento entre os dois líderes.
"Somos um país independente, temos relações com muitos países", não apenas os EUA”, referiu.
O pagamento de centenas de milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia, destinado a combater a rebelião no leste do país (com alegada ajuda da Rússia), foi suspenso no início do verão e, algum tempo depois, a 25 de julho, Donald Trump manteve a conversa telefónica com Zelensky.
Segundo um denunciante, o Presidente norte-americano pediu, durante essa conversa telefónica, que a Ucrânia investigasse o filho do seu rival democrata, já que Kiev havia arquivado os casos relacionados com a Burisma.
Para os democratas, o Presidente dos EUA teria chantageado a Ucrânia com a ajuda militar para desestabilizar o seu rival político, uma forma de interferência na campanha eleitoral e que é proibida pela lei dos EUA.
O auxílio foi finalmente liberado a 11 de setembro.
No início de outubro, a procuradoria ucraniana disse que irá reabrir para investigação casos antigos envolvendo o grupo de gás Burisma, mas que estes não pareciam envolver Hunter Biden, que em 2014 ingressou no conselho de administração dessa empresa.
Trump disse que os Estados Unidos têm um "direito absoluto" de pedir aos líderes estrangeiros que investiguem casos de corrupção, embora ninguém tenha produzido evidências de irregularidades criminais por parte dos Bidens.
Volodymyr Zelensky e Donald Trump encontraram-se pela primeira vez no final de setembro, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque.
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