Nos últimos 40 anos, os presidentes dos Estados Unidos da América (EUA) tiveram de governar a maior parte dos anos dos seus mandatos com os partidos que os elegeram em minoria no Congresso e no Senado, as duas câmaras do Capitólio.

Historicamente, os Republicanos tiveram mais anos de controlo da Casa Branca, mas o Capitólio (Congresso e Senado) tem sido dominado pelos democratas.

Desde que os partidos Republicano e Democrata se opõem eleitoralmente na corrida à Presidência dos Estados Unidos da América (EUA), é o primeiro quem ganha na contabilidade (com 45 mandatos contra 44 dos Democratas).

Mas quando se olha para o controlo das duas câmaras do Capitólio, os números favorecem os Democratas, com 50 maiorias no Senado e 57 maiorias no Congresso, contra 42 maiorias republicanas do Senado e apenas 36 no Congresso.

Os últimos 40 anos da história política dos EUA, em particular, revelam que os eleitores parecem ter querido colocar em ação o elaborado sistema de 'checks and balances' (expressão que pode ser traduzida livremente por pesos e contrapesos), desenhado pelos “pais fundadores” para criar equilíbrios de poder entre as instituições políticas.

Depois de tomar posse em 1981, Ronald Reagan presidiu oito anos com o “seu” Partido Republicano em maioria no Senado, mas em minoria no Senado.

O seu sucessor, o também Republicano George H. W. Bush, fez apenas um mandato, mas passou os quatro anos com ambas as câmaras nas mãos dos Democratas.

Em 1992, o Democrata Bill Clinton chegou à Casa Branca e governou os dois primeiros anos com a maioria do seu partido no Capitólio, mas logo perdeu Congresso e Senado para os Republicanos, o que o obrigou a defender-se, por exemplo, de um processo de 'impeachment', que apenas foi “travado” no Senado.

Com o Partido Republicano a regressar à Casa Branca, George W. Bush passou grande parte dos oito anos dos seus mandatos com o Capitólio da sua cor política, mas no final do seu mandato, viu o Congresso e Senado a ficar no lado adversário.

O Democrata Barack Obama herdou essas maiorias do seu partido, mas viu a do Congresso desaparecer logo ao fim de dois anos e no final do mandato perdeu também a maioria no Senado.

As sondagens dizem agora que Partido Republicano deverá manter a maioria no Senado, mas deverá perder para os Democratas no Congresso, o que tornará a vida política de Donald Trump mais difícil.

Os Democratas já tentaram suscitar um processo de 'impeachment' contra o Presidente dos EUA (por obstrução à justiça, sobre um alegado conluio com o governo russo na interferência nas eleições presidenciais de 2016), mas a sua minoria no Congresso nunca lhe permitiu avançar, apesar de Trump não ter a simpatia de todos os congressistas Republicanos.

Com o domínio do Congresso, os Democratas poderão agora ter mais ambições nessa missão, embora os analistas considerem que dificilmente esse processo passe no Senado, onde seriam precisos 2/3 dos votos.

Contudo, com o Congresso nas mãos dos Democratas, será agora ainda mais difícil a Trump cumprir algumas promessas eleitorais, como as reformas no sistema de segurança social, ou medidas na área da segurança e defesa.