A fim de impedir a interrupção do serviço regular de transporte público na Transtejo, o secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, o conselho de administração e os sindicatos subscritores do Acordo de Empresa estiveram reunidos na quarta-feira, pelas 19:30, mas a situação continua por resolver.
“Apesar de não ter sido possível alcançar consenso, as partes mantêm-se disponíveis para dialogar e empenhadas em encontrar soluções que permitam alcançar o desejado acordo com os sindicatos”, afirmou hoje a empresa Transtejo/Soflusa (TTSL), em resposta à agência Lusa.
No entanto, as supressões previstas para quarta-feira entre Cacilhas (Almada, distrito de Setúbal) e Cais do Sodré (Lisboa) mantiveram-se, assim como se mantêm as agendadas para hoje na mesma ligação, nos dois sentidos, em que além da interrupção do serviço regular no período noturno, anteriormente anunciada, se prevê a supressão de carreiras no período da tarde.
O detalhe sobre as supressões previstas para hoje pode ser consultado no site da Transtejo.
Num aviso divulgado na segunda-feira no ‘site’ da empresa TTSL foi comunicada a interrupção do serviço regular de transporte entre Cacilhas e Cais do Sodré durante o período noturno de quarta e quinta-feira, “por motivo de falta de recursos humanos operacionais”.
No entanto, foi depois anunciada a supressão de carreiras no período da tarde durante o dia de hoje, desde 13:35 às 20:05, a que se junta a interrupção do serviço entre as 20:38 e as 00:05.
A Transtejo avisou que a situação volta a acontecer na sexta-feira entre Cacilhas e Cais do Sodré, com a supressão durante a tarde e a interrupção à noite, exatamente nos mesmos horários desta quinta-feira.
A situação é também alargada à ligação entre Seixal (no distrito de Setúbal) e Cais do Sodré, em que se prevê a supressão de carreiras no período da tarde de sexta-feira, desde 16:45 às 19:30, em ambos os sentidos, segundo informação da TTSL.
As perturbações do serviço entre Cacilhas e Cais do Sodré repetem-se ainda no sábado e domingo, com a supressão de carreiras no período da tarde, entre as 14:40 e as 20:03, e a interrupção do serviço no período noturno, desde as 20:35 e as 00:05.
Na manhã de quarta-feira, o ministro do Ambiente disse que a decisão da TTSL de suprimir carreiras entre Lisboa e Cacilhas, durante as noites de quarta e quinta-feira, “é absolutamente inaceitável” e comprometeu-se a trabalhar para que tal não acontecesse.
“É absolutamente inaceitável a decisão da empresa. Eu soube hoje [quarta-feira] de manhã. Aquilo que a empresa sugere é absolutamente inaceitável e, por isso, vou trabalhar hoje [quarta-feira] a tarde toda para que isso não venha a acontecer”, afirmou o ministro João Matos Fernandes, em declarações aos jornalistas, à margem da iniciativa Portugal Mobi Summit, em Cascais, distrito de Lisboa.
Em resposta à Lusa, a TTSL indicou que a supressão ou atrasos em algumas carreiras das ligações fluviais de Cacilhas, Montijo, Seixal e Trafaria se tem verificado no último mês e meio, em particular, explicando que se trata de “uma situação que está devidamente identificada pela administração da empresa, designadamente nas limitações existentes em matéria de recursos humanos para assegurar a realização de todas as ligações programadas”.
“Cientes desta urgência, em julho e agosto de 2021 a Transtejo lançou concursos para recrutamento de maquinistas (total de cinco) e marinheiros (total de seis), estes últimos já contratados, estando atualmente em falta o recrutamento dos cinco maquinistas que por escassez de oferta no mercado estão a atrasar o processo”, referiu a empresa.
As limitações de recursos humanos têm sido colmatadas através de trabalho extraordinário, “contudo a situação agudizou-se com a greve às horas extraordinárias que se encontra atualmente em curso”, apontou a TTSL, acrescentando que tem desenvolvido, diariamente, todos os esforços possíveis para minimizar o impacto das mesmas na mobilidade diária dos passageiros e “para restabelecer, tão rápido quanto possível, a normalidade e regularidade do serviço de transporte fluvial”.
Na passada quinta-feira, os trabalhadores da Transtejo decidiram marcar cinco dias de greve parcial para continuar a reivindicar por aumentos salariais.
Os trabalhadores da Transtejo, juntamente com os da Soflusa, fizeram várias greves parciais durante este ano, a última das quais em 21 de setembro, devido a falhas nas negociações salariais entre a administração da empresa e os sindicatos, tendo o Ministério do Ambiente reunido igualmente com os sindicatos na tentativa de desbloquear a situação.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.
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