“Acho que a Rússia pensou que [agora] aconteceria o mesmo que na Crimeia. Temos de aprender lições com a situação atual. Não podemos ser ingénuos”, afirmou Marin durante a Conferência de Segurança de Munique, que começou na sexta-feira na Alemanha e irá durar até domingo.
“Teremos décadas deste tipo de comportamento se a Ucrânia não vencer a guerra e não defendermos os nossos valores”, avisou a primeira-ministra finlandesa.
Por isso, acrescentou, “a guerra na Ucrânia não é apenas um assunto da Europa, mas de todo o mundo, porque é uma guerra de valores”.
Além disso, alertou ainda Sanna Marin, muitos “países autoritários estão a levantar a cabeça contra a ordem internacional baseada em regras, o que é um problema de todos”.
“A única forma de alcançar a paz é garantir que a Europa e os países democráticos sejam fortes, é apostar nas nossas capacidades defensivas e em termos capacidade e presença perante esses países autoritários”, defendeu.
A chefe do executivo finlandês aproveitou para voltar a sublinhar que a adesão do seu país e da Suécia à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) “é do interesse” da Aliança Atlântica e que esta deve dar condições para que os dois países entrem na organização ao mesmo tempo.
“Queremos aderir com a Suécia, ao mesmo tempo”, afirmou Marin, que indicou que a Finlândia enviou uma mensagem “muito clara” à Turquia e à Hungria a esse respeito.
A Turquia e a Hungria são os dois únicos membros da Aliança Atlântica que ainda não ratificaram a adesão de Estocolmo e de Helsínquia, que implica uma aprovação por unanimidade.
Ancara indicou, em várias ocasiões, que não se opõe à entrada da Finlândia na Aliança, mas suspendeu as negociações com a Suécia, acusando o país de, entre outros aspetos, não extraditar indivíduos acusados de pertencerem a organizações curdas declaradas pelas autoridades turcas como grupos terroristas.
“Não podemos influenciar como os países a ratificam, mas a nossa mensagem é que preferimos e queremos entrar juntos”, afirmou Marin, sublinhando que “a adesão à NATO é um ato de paz da Finlândia”.
Os dois países nórdicos, tradicionalmente neutros, candidataram-se juntos, no ano passado, a membros da NATO, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Quando estalou a guerra [na Ucrânia] tornou-se óbvio que a Finlândia se ia juntar à NATO”, defendeu a primeira-ministra finlandesa.
“Quando a Rússia, nossa vizinha, atacou outro [país] vizinho, era óbvio que a Finlândia se juntaria à NATO, porque essa é a linha que a Rússia não cruzará”, argumentou.
Marin sublinhou que “também gostaria de ter um mundo bonito e seguro em que o dinheiro não tivesse de ser investido em forças militares”, mas admitiu que “esse mundo não é uma realidade”.
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