A militar, Noémie Freire, auxiliar de navegação, tinha decidido em março concorrer ao curso que ia começar em outubro, altura em que a Marinha decidiu abrir aquela formação a mulheres, pondo fim a uma exclusão quase centenária.

Segundo disse à Lusa o porta-voz da Marinha, comandante Coelho Dias, concorreram 20 militares, dos quais três eram mulheres e duas ficaram aptas, tendo sido uma admitida ao curso, cujos critérios de seleção passam pela conjugação entre "as necessidades concretas e a antiguidade dos militares" a concurso.

A militar integrou a esquadrilha na segunda-feira e irá iniciar o curso, com a duração de nove meses, no dia 05 de janeiro, com uma aula inaugural lecionada pelo comandante, capitão de mar-e-guerra Silva Gouveia.

Em média, cerca de 15 a 20% dos formandos desistem do curso de submarinista.

"É um marco importante que nos orgulha. Mulheres na Marinha não é novidade, mas nos submarinos é a primeira vez e foi bem acolhida, com naturalidade", disse o porta-voz do ramo, comandante Coelho Dias.

Com a especialidade de Operações, a praça Noémie Freire poderá desempenhar funções na operação de radares, sistemas de guerra eletrónica e sistemas de deteção submarina.

Em março passado, Noémie Freire foi, com outras militares, convidada pela Marinha a visitar o submarino Arpão, numa iniciativa do ramo para "atrair" candidatas ao primeiro curso aberto aos dois sexos.

Com um filho de três anos, a militar disse na altura aos jornalistas que o mais difícil será estar bastante tempo sem poder comunicar com a família mas afirmou contar com o apoio do marido, também militar, para poder dar este passo na sua carreira.

Há seis anos que a Marinha portuguesa já dispõe de submarinos com condições logísticas e de habitabilidade que permitem responder aos requisitos de privacidade seja para homens ou mulheres mas apenas este ano o ramo decidiu incentivar as militares a concorrer à especialidade.

A taxa de participação das mulheres nas Forças Armadas portuguesas é de cerca de 11%.