Os investigadores que usam o poderoso telescópio publicaram um artigo na revista Astrophysical Journal Letters em que documentam duas galáxias excepcionalmente brilhantes e distantes, com base em dados colhidos nos primeiros dias de operação do Webb, em julho.

A extrema luminosidade das estrelas levanta duas possibilidades intrigantes, disseram na quinta-feira os astrónomos numa conferência de imprensa da NASA.

A primeira é que essas galáxias seriam muito grandes, com muitas estrelas de baixa massa como as galáxias de hoje, e teriam começado a formar-se 100 milhões de anos após o Big Bang, que ocorreu há 13,8 mil milhões de anos.

Isso também significaria que se formaram 100 milhões de anos antes do que hoje é considerado o fim da chamada era das trevas cósmica, quando o universo era apenas gás e matéria escura.

Outra possibilidade é que essas galáxias sejam de estrelas da chamada “População III”, que nunca tinham sido observadas, mas que, teoricamente, eram formadas unicamente por hélio e hidrogénio, antes do surgimento de elementos mais pesados.

Como essas estrelas queimavam em temperaturas extremas, as galáxias não teriam de ser tão enormes para explicar o brilho observado pelo Webb, e poderiam ter começado a formar-se mais tarde.

"Estamos a ver galáxias tão brilhantes e luminosas tão cedo que não temos certeza do que está a acontecer", disse a repórteres Garth Illingworth, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

A rápida descoberta de galáxias também desafia as expectativas de que o telescópio precisaria de explorar um volume muito maior de espaço para encontrá-las.

“É uma surpresa que existam tantas que se formaram tão cedo”, acrescentou o astrofísico Jeyhan Kartaltepe, do Instituto Tecnológico de Rochester.

As duas galáxias definitivamente existiram entre 450 e 350 milhões de anos após o Big Bang. Uma delas, chamada GLASS-z12, é agora a luz estelar mais distante já vista.

Quanto mais longe as estrelas estão, mais tempo leva para a sua luz atingir a Terra, então olhar para o universo distante é ver o passado profundo.